(Conteúdo publicado no especial ‘Desafios Florianópolis: ideias e contribuições para uma cidade melhor’, elaborado por Marcello Corrêa Petrelli como forma de colaboração para o desenvolvimento sustentável, ordenado e estratégico da cidade)
Uma cidade turística mal sinalizada. Na periferia, parece uma cidade abandonada. Placas torcidas e caídas no chão, calçadas em situação precária e buracos.
Para encontrar esse cenário, basta circular pela Beira-Mar Norte, a principal avenida de Florianópolis. Em vez do charme e da beleza, estruturas mal cuidadas.
Nos finais de semana, a feira de artesanato expõe o seu visual de gosto duvidoso: tendas de lona amontoadas sobre a calçada, dificultando o trânsito de pedestres.
Feira de Artesanato na Beira-Mar Norte, em Florianópolis – Foto: Germano Rorato/ND
Outras cidades, como Curitiba, por exemplo, contam com gestores de feiras para manter um padrão. Não é o que se vê em Florianópolis. Somos uma cidade turística internacional, e é isso que entregamos para o turista?
Mesmo nas regiões centrais, existe desleixo, como mato nos meios-fios, prédios com pichações e abrigo de moradores de rua. Nas regiões longe do Centro, o cenário não é diferente.
Há lixo no chão e descaso com o patrimônio público. Precisamos de zelo com a infraestrutura urbana, uma questão que não é apenas estética, mas também econômica.
Um olhar especial precisa ser lançado ao Mercado Público. Florianópolis tem um patamar elevado, e um dos cartões-postais da cidade precisa ter esse padrão de excelência que a Capital exige.
Não podemos admitir que o Mercado Público tenha um perfil abaixo da média e sujo. Num esforço para promover essa ideia, no ano 2000, o Grupo ND custeou a pintura da estrutura. É preciso que a gestão do mercado assuma esse perfil de cobrar por melhorias. Está na hora de estabelecer um grau de tolerância zero com baixo padrão de qualidade.
Também é preciso lançar um olhar para as praias. O turismo de Florianópolis não pode admitir ambulantes fora do padrão e que promovem sujeira.
Somos uma ilha que precisa ter um padrão de qualidade. Há mais de 20 anos se fala em elevar o tíquete médio do turista. É possível avançar nesse sentido sem impedir que pessoas mais simples possam usufruir de um padrão melhor e com um desenvolvimento autossustentável.
E mais: Florianópolis precisa de um grande projeto de turismo de natureza, pois tem a maior parte do seu território composto por reservas naturais, e este é o setor do turismo que mais cresce no mundo.
O ecoturismo utiliza de forma sustentável o patrimônio natural. O potencial existe, basta ser explorado. Temos fauna e flora, trilhas, esportes aquáticos e outras possibilidades que proporcionam a interação com o meio ambiente.
Uma cidade bem cuidada atrai investimentos, valoriza o comércio local e fortalece a relação entre a população e o espaço público.
O contrário também é verdadeiro, a degradação urbana gera impactos financeiros negativos, afastando visitantes e contribuindo para um ambiente de desorganização.
Quais as ações para mudar este cenário numa cidade que recebe milhares de turistas todos os anos? Florianópolis tem potencial para ser referência não apenas por sua beleza natural, mas também pela qualidade de seus espaços urbanos.
É urgente que se comece a praticar ações de zeladoria na cidade. A limpeza, o cuidado com o mobiliário urbano e as ações de revitalização e conscientização são imprescindíveis para garantir que a cidade suba de patamar.
Sugestões de propostas
Adequar e padronizar o mobiliário urbano.Limpar e cuidar permanentemente de canteiros e áreas públicas.
Realizar manutenção dos prédios públicos e do patrimônio da cidade.
Lançar campanha de conscientização sobre preservação à população.
Repor placas e sinalizações danificadas por atos de vandalismo.
Reorganizar feiras públicas em locais adequados, com novos padrões de modernidade.
Elaborar um projeto para o ecoturismo, aproveitando as grandes áreas verdes, trilhas e o valioso patrimônio natural de Florianópolis.