
Em convenção nacional realizada nesta quinta-feira (5), em Brasília, o PSDB aprovou por ampla maioria a fusão com o Podemos. A votação contou com 201 votos favoráveis, dois contrários e duas abstenções.
Embora oficialmente classificada como fusão, o processo foi juridicamente definido como uma incorporação do Podemos ao PSDB.
A medida é parte de uma estratégia para ampliar a presença no Congresso, garantir acesso a recursos públicos e cumprir a cláusula de barreira nas eleições de 2026.
A nova legenda, batizada provisoriamente de “PSDB+Podemos”, reunirá 28 deputados federais e sete senadores, tornando-se a sétima maior bancada na Câmara e empatando com o União Brasil no Senado.
O grupo passará a administrar um fundo partidário estimado em R$ 77 milhões por ano, além de aproximadamente R$ 380 milhões em fundo eleitoral com base no desempenho eleitoral de 2022. Também será beneficiado com maior tempo de propaganda em rádio e TV.
O processo foi liderado pelo presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e conta com o apoio de Aécio Neves.
A fusão ocorre em meio à crise enfrentada pela legenda, agravada após o fraco desempenho nas eleições de 2022, a perda do governo paulista e a saída de nomes como Eduardo Leite e Raquel Lyra, ambos migrados para o PSD.
Em 2024, o partido teve seu pior resultado em eleições municipais, sem eleger prefeitos em capitais.
PSDB tenta preservar sua relevância
O partido manterá o símbolo do tucano, agora estilizado para sinalizar renovação, mas adotará o número 20, pertencente ao Podemos. O histórico número 45 será aposentado.
A definição do nome definitivo ficará para depois das eleições de 2026, após pesquisas qualitativas e consultas aos filiados. Entre as opções cogitadas estão “Independentes” e “Moderados”.
Internamente, o comando da nova sigla é alvo de disputa. O Podemos, liderado por Renata Abreu, reivindica a presidência com base em sua maior bancada. Já o PSDB propõe rodízio semestral até 2026.
Uma comissão de transição, composta por dirigentes das duas legendas, foi instituída para definir estatuto, programa, identidade visual e a organização nos níveis nacional e estadual.
Motivos da fusão

A incorporação foi considerada uma alternativa para evitar sanções eleitorais, uma vez que o PSDB deixou em 2024 sua federação com o Cidadania. A decisão pela incorporação permite contornar possíveis penalidades por desfiliação precoce.
A fusão tem como objetivo central construir um novo polo político, de perfil centrista, diante da polarização entre PT e PL.
Segundo Aécio Neves, a nova sigla buscará ser “liberal na economia, inclusiva no social e pragmática na política externa”.
Entre os defensores da união também estão o presidente do PSDB-SP, Paulo Serra, e lideranças como Marconi Perillo, que consideram a medida como uma resposta à perda de protagonismo do partido.
A nova legenda passará a controlar 401 prefeituras (274 do PSDB e 127 do Podemos), tornando-se a sétima maior força no plano municipal.
A união enfrenta resistências em diversos estados. Em Pernambuco, há atritos entre o PSDB e a governadora Raquel Lyra, agora no PSD e aliada do Podemos.
Em Mato Grosso do Sul, lideranças tucanas temem esvaziamento do partido caso Riedel deixe a legenda. Goiás e Bahia também apresentam conflitos locais que dificultam a integração.
Internamente, uma ala do PSDB liderada por Mário Covas Neto é contra a fusão. Um abaixo-assinado com 111 assinaturas foi entregue à executiva do partido em protesto.
Os signatários alegam que a fusão representa uma incorporação disfarçada do PSDB pelo Podemos, especialmente após a adoção do número 20 e a maior presença da antiga sigla incorporada no Congresso.
Próximo passo
O próximo passo é a realização da convenção do Podemos, prevista ainda para junho, com o objetivo de ratificar a fusão.
Em julho, o pedido será protocolado no Tribunal Superior Eleitoral. A expectativa é de que a aprovação ocorra entre setembro e outubro de 2025, oficializando a nova sigla.
Após as eleições de 2026, a nova legenda avalia a formação de uma federação com o Solidariedade. As conversas com o Republicanos, embora cogitadas, não avançaram.