Catolicismo cai, e participação em religiões afro-brasileiras quadriplica em Campinas


Balanço divulgado nesta sexta-feira (6) também mostra avanço entre evangélicos e pessoas sem religião na metrópole. Imagem de arquivo: fiéis católicos participam de missa em Campinas
Karen Fontes/Ishoot/Estadão Conteúdo
O número de pessoas que se declaram católicas caiu 10,1% em Campinas (SP), segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Em contrapartida, religiões afro-brasileiras foram as que mais cresceram (veja os números abaixo).
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O balanço faz parte do recorte sobre religiões do Censo Demográfico 2022 e traz uma comparação com a última pesquisa, realizada em 2010. Segundo o Instituto, 568.527 moradores acima de 10 anos se declararam católicos naquele ano. Agora, o índice passou para 510.812.
Com a redução nos números absolutos, a proporção de adeptos em relação à população total também teve retração entre as pesquisas. O catolicismo apostólico romano ainda é a religião mais seguida na metrópole, mas por uma fatia menor de habitantes:
Em 2010, a população de Campinas era 1.080.113 e a proporção de católicos era de 52,6%;
Em 2022, a população de Campinas era 1.139.047 e a proporção de católicos era de 44,8%.
Religiões afro-brasileiras cresceram
Em meio à queda do catolicismo, a umbanda e o candomblé, religiões afro-brasileiras, foram as que mais cresceram no período. No ano de 2010, 2.752 moradores de Campinas se diziam praticantes de uma dessas religiões. Em 2022, o índice passou para 13.708. O crescimento foi de 398,1% e o grupo representa 1,3% da população.
Para a professora de Antropologia Brenda Carranza, a alta pode estar ligada a um movimento de resistência. “Quando [a pessoa] se declara que é umbandista e candomblecista, pode ser um movimento de resistência política: ‘eu vou decidir que sou, para não permitir abusos do fundamentalismo, para não permitir ataques'”, cometa.
“Umbanda e candomblé, por incrível que pareça, segundo esse Censo de 2022, tem uma grande expressividade religiosa de brancos. A racialidade é branca, mais do que negra. Mas, há sim, também, uma conexão com movimento político de resistência e de consciência negra”, completa. De acordo com o IBGE, em todo o Brasil, quase metade do total de adeptos é branca.
Outras religiões
Também houve ampliação entre evangélicos, que agora representam 28,8% do total de habitantes. Eram 232.569 em 2010 e, agora, são 281.130. Entre os espíritas o aumento foi menor, de 2,3%, chegando a 34 mil.
“Os evangélicos batizam seus filhos e eles continuam na religião. Significa que não há fuga de evangélicos. Ele não está indo para outra religião. Hoje, entre os estudiosos, há um consenso que não há mais conversão em massa dos católicos para serem evangélicos”, diz Brenda.
Ainda conforme o IBGE, 57.684 moradores disseram seguir outras religiosidades, o que indica um aumento de 60,4% em relação à pesquisa anterior, e o número de pessoas sem religião aumentou de 73.858 para 113.190 (53,2%).
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