Família pede indenização de R$ 182 mil a mercado após idoso ser chamado de ‘aleijado’ e ter filhos agredidos


Polícia Civil investiga como injúria e lesão corporal o caso que ocorreu no Mercadão Atacadista de Mongaguá (SP). Família afirma que os funcionários facilitaram a fuga do agressor. Estabelecimento considerou o episódio como “isolado” entre os clientes, sem envolvimento dos colaboradores. Adolescentes são agredidos ao defender pai com deficiência de injúrias dentro de Mercadão
Uma família entrou na Justiça pedindo indenização por danos morais ao Mercadão Atacadista de Mongaguá, no litoral de São Paulo. Segundo o processo, um idoso de 60 anos foi chamado de “aleijado” na fila preferencial por um grupo de clientes e dois filhos dele, de 13 e 16, e o genro, de 18, foram agredidos por um homem. De acordo com os familiares, os funcionários facilitaram a fuga dele.
Em nota, o Mercadão Atacadista lamentou o caso e informou que, após realizar uma apuração interna, entendeu que a situação foi um “episódio isolado ocorrido entre clientes, sem qualquer envolvimento direto de colaboradores” (veja o posicionamento completo adiante).
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A família entrou na Justiça na última terça-feira (10) pedindo R$ 182.160,00 em indenização pelo caso que ocorreu às vésperas do feriado prolongado de Sexta-Feira Santa e Tiradentes, em 17 de abril.
Ao g1, o idoso relatou que a filha, de 16 anos, sofreu lesões na perna enquanto o filho, de 13, levou um soco no olho. De acordo o relato, ambos tentaram defender o pai de injúrias enquanto ele aguardava na fila preferencial do caixa.
“Ficaram debochando da minha cara, me xingando de aleijado. Aí, depois, eles falaram bem alto: ‘Chama a polícia aí para esse pobre, para esse aleijado’. Aquilo ali pra mim foi inacreditável”, disse o idoso.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a Polícia Civil investiga o caso como injúria e lesão corporal. “Os funcionários do estabelecimento conduziram o agressor até os fundos da loja até a chegada da Polícia Militar, mas os suspeitos conseguiram fugir”. Não há informações oficiais sobre eventuais prisões dos envolvidos.
Pedido de indenização
Os exames de corpo de delito apontaram que as vítimas sofreram ferimentos de lesão corporal leve. Por conta disso, o advogado Paulo Graeser, que representa o idoso, entrou com uma ação pedindo o pagamento de 30 salários-mínimos — cerca de R$ 45,5 mil — para os dois filhos, o genro e o próprio cliente, totalizando R$ 182.160,00.
“No momento da ocorrência, apesar de estar o estabelecimento inteiro voltado para a cena de horror que se conduzia no local, nenhum segurança apareceu para intervir na situação”, disse Graeser.
Menino de 13 anos sofreu ferimentos no rosto após as agressões em Mongaguá (SP)
Reprodução e Arquivo pessoal
O advogado acrescentou que os funcionários do atacadista permitiram a fuga do agressor. Segundo Graeser, a localização do homem ocorreu graças à intervenção de outros clientes, que anotaram a placa do veículo dele.
“O estabelecimento réu sequer ofereceu um copo de água aos integrantes da família que estavam abalados com a situação. Fora a vergonha, pois, por se tratar de feriado, o mercado estava lotado”, destacou Graeser.
Com relação ao agressor, a defesa informou que também irá auxiliar a vítima a ajuizar uma ação na esfera criminal, visando outra indenização a partir de uma eventual condenação.
Caso ocorreu dentro do Mercadão Atacadista de Mongaguá (SP)
Reprodução
Mercadão Atacadista
Em nota, o comércio informou que realizou uma apuração interna com base nas imagens de segurança e nas informações coletadas pela equipe no local.
“Trata-se de um episódio isolado ocorrido entre clientes, sem qualquer envolvimento direto de colaboradores do Mercadão Atacadista. Nossa equipe de segurança agiu prontamente, conforme os protocolos estabelecidos, para conter os ânimos e garantir a integridade de todos os presentes. Não houve necessidade de acionar autoridades naquele momento, dado o pronto restabelecimento da ordem no ambiente”, complementou o estabelecimento.
Por fim, o Mercadão Atacadista destacou que preza pela segurança, respeito e bom atendimento. “Lamentamos qualquer transtorno que possa ter ocorrido. Nosso compromisso é com a transparência, responsabilidade e, acima de tudo, com o respeito aos nossos clientes e colaboradores. Caso necessário, informamos que possuímos imagens do ocorrido e estamos preparados para apresentá-las em juízo, se assim for exigido”, concluiu.
Relembre o caso
O idoso contou que estava na fila preferencial quando foi abordado por um grupo de clientes que questionou a permanência dele no local. Ele disse ter sido ofendido pelas pessoas logo após afirmar que tinha a carteira de identificação.
A menina de 16 anos questionou as injúrias contra o pai e, segundo o relato, foi empurrada no chão e chutada por um homem. Em seguida, o agressor partiu para cima do idoso, mas foi impedido pelo outro filho dele, de 13, que foi atingido com um soco no olho, ainda de acordo com a família.
O agressor e um homem que estava com ele foram contidos pelos repositores do comércio e encaminhados para uma sala nos fundos. Ainda de acordo com o idoso, uma responsável pela unidade do atacadista solicitou que as portas fossem abaixadas para impedir a fuga dos dois.
“Ele (funcionário) prometeu para nós. Pediu que a gente ficasse calmo e esperasse a polícia chegar, que eles (envolvidos na agressão) já estavam lá nos fundos, que não iam escapar. Aí, quando a polícia chegou, já veio um outro (funcionário) e disse que, infelizmente, eles fugiram”, acrescentou a vítima.
O aposentado relatou que procurou ajuda de um representante e dos seguranças do mercado, mas não teve sucesso. “O mercado sequer se manifestou para nada. Eu acho um absurdo”, finalizou.
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