Líder do Governo, José Guimarães (PT-CE) – Foto: Kayo Magalhaes/ND
“É pior sem IOF”, disse o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) após mais um dia de muita negociação e tensão política, depois que o governo enviou ao Congresso uma Medida Provisória com objetivo de aumentar a arrecadação, e um novo projeto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O aumento no imposto foi uma das medidas encontrada pela equipe econômica de Fernando Haddad após o contingenciamento de R$ 31,3 bilhões, e anunciado juntamente com o bloqueio, mas esbarrou na resistência de boa parte do parlamento desde então, com um recuo inicial do governo e tentativas de acordo desde então.
Inicialmente contestado pela oposição, o IOF, e o que o líder José Guimarães classifica como “recalibragem” foi criticado até pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que se envolveu pessoalmente no debate com Fernando Haddad e os líderes políticos, inclusive no final de semana em Brasília.
Mas as conversas, que pareciam ter avançado nos últimos dias, voltaram à estaca zero, e o governo terá que lidar com a oposição ao texto antes de conseguir reforçar o caixa e garantir a manutenção da estabilidade, o cumprimento do arcabouço fiscal, e a meta de déficit zero perseguida pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Fernando Haddad é o atual ministro da Fazenda do governo Lula – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
‘Todo dia com sua agonia’: líder diz que MP não está derrotada nem aprovada, defende diálogo e diz que é pior sem IOF
Aos jornalistas, após diversas manifestações da oposição de que os parlamentares não vão aceitar aumento de impostos, Guimarães afirmou que o governo recebe as críticas com naturalidade, mas não vai deixar de negociar para manter as contas. Além disso, o líder sinalizou com novo corte de gastos.
“Temos uma relação bastante democrática, nao é crise, é uma situação realmente preoupante, mas todos têm compromisso na busca por soluções”, afirmou José Guimarães. Se as medidas não forem aprovadas, Guimarães sinalizou um novo corte. “Se não houver, dia 21 tem novos cortes e novos contingenciamentos, inclusive de emendas parlamentares”, alertou o líder. “É pior sem IOF”, concluiu Guimarães.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. – Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Motta antecipa votações e marca votação da urgência de PDL para sustar aumento do IOF para segunda-feira
Embora o presidente da Câmara tenha antecipado a agenda da Casa e marcado já para a próxima segunda (16) a votação de um requerimento de urgência para o Projeto de Decreto Legislativo que susta os efeitos do novo decreto sobre aumento do IOF, Guimarães se disse tranquilo e disse que vai buscar conversar com líderes e partidos nos próximos dias, repetindo que é pior sem IOF.
Motta usou a rede social X para anunciar a inclusão da urgência do projeto que susta o decreto do IOF na pauta, e disse que “não há clima para aumentar impostos”. A decisão foi anunciada após a reunião semanal do Colégio de Líderes, nesta quinta-feira (12).
Motta já havia dito antes, entretanto, que apesar de tentar chegar a um acordo sobre as medidas para garantir o o equilíbrio fiscal e cumprir as metas definidas no arcabouço que o Congresso não tinha compromisso em aprovar as medidas em discussão.
Além disso, oposição e partidos intensificaram a pressão. A federação formada por PP e União Brasil reuniu os caciques na Câmara para anunciar que não iria votar com o governo por aumento de impostos. A oposição e o PL também reagiram mais uma vez, inclusive com cartazes e frases de efeito no plenário da Câmara dos Deputados.