‘Dinheiro não aceita’: vídeo mostra como agia suspeito de aplicar golpes em Joinville – Foto: Reprodução/Polícia Civil/ND
Nos últimos meses diversos tipos de golpes foram identificados em Joinville e estelionatários foram presos. Desde o início de janeiro de 2025, já foram registrados casos do falso entregador, falso advogado e até biometria coletadada ilegalmente.
Somente o golpe do falso advogado gerou cerca de 300 casos registrados na maior cidade do estado. O falso entregador causou um prejuízo estimado de R$ 300 mil. A situação mobiliza a Delegacia de Combate a Estelionatos da cidade.
Possíveis causas por trás dos golpes em Joinville
De acordo com o delegado Vinicius Ferreira, os moradores da região continuam sendo alvos frequentes dos golpistas, que utilizam abordagens cada vez mais elaboradas para enganar as vítimas.
“Apesar dos cuidados que já existem, Joinville é uma cidade em que as pessoas não estão acostumadas a lidar com esse tipo de crime. É uma cidade onde as pessoas confiam muito ainda em conversas, em pessoas que abordam na rua, por exemplo”, explica.
Ele destaca que estelionatários agem de forma diferente de criminosos comuns e a população precisa ficar atenta.
“Enquanto outros infratores cometem crimes esporádicos ao longo da vida, os golpistas são profissionais. Eles se especializam nesse tipo de delito, estudam as vítimas e aperfeiçoam suas técnicas. Qualquer pessoa pode ser enganada”, alerta Ferreira.
Nos últimos meses, operações como Happy Birthday, Fakemetria e outros foram deflagradas para combater os golpes.
Golpe do aniversário
O golpe de aniversário, também conhecido como falso entregador, consiste em simular a entrega de um presente de aniversário, cobrando uma taxa fictícia por meio de uma máquina de cartão adulterada.
O esquema causou prejuízo a mais de 100 vítimas em Santa Catarina. A maioria das ocorrências foi registrada em Joinville e Itajaí, com 42 e 16 casos, respectivamente.
A organização criminosa se passava por uma floricultura nacionalmente conhecida, oferecendo buquês de flores de presente para as vítimas, principalmente mulheres, no dia de seu aniversário. No entanto, para receber o presente, elas precisavam pagar uma taxa de entrega.
Ao tentar realizar o pagamento com o cartão de crédito, uma mensagem de “erro” aparecia na tela, dando a impressão de que a transação havia sido negada. Na realidade, no entanto, o golpe estava sendo executado: as compras eram processadas até o limite do cartão.
Em março, a DCE (Delegacia de Combate a Estelionatos) de Joinville prendeu em flagrante, um homem de 22 anos acusado de aplicar o golpe contra uma moradora do bairro Boa Vista.
Suspeito afirma que floricultura não aceita o valor em direito – Vídeo: Reprodução/Polícia Civil/ND
Após a prisão, os agentes localizaram, em um condomínio na zona leste de Joinville, diversos itens de origem ilícita, como máquinas de cobrança de várias marcas, celulares, cartões de crédito e duas motocicletas utilizadas nos crimes.
Falso policial
Um homem de 37 anos, que se passava por policial para aplicar golpes em Santa Catarina, foi preso em Joinville, em março deste ano. A prisão ocorreu no bairro América.
Segundo a Polícia Civil, o indivíduo é investigado por uma série de fraudes em Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Brusque e Guaramirim, onde se identificava como policial civil, federal, militar e penal.
De acordo com a investigação, o criminoso mantinha uma vida de ostentação, financiada pelos golpes, e usava o cargo fictício para obter vantagens ilícitas.
Ele se apresentava armado com frequência, aproveitando-se da credibilidade associada à função de policial para enganar suas vítimas. O prejuízo estimado causado por seus golpes é de cerca de R$ 100 mil.
O homem, que era conhecido por frequentar clubes de tiro, lojas de grife e restaurantes de alto padrão, também lesou financeiramente esses estabelecimentos.
O golpista de 37 anos é investigado por uma série de fraudes em Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Brusque e Guaramirim – Vídeo: DCE/Divulgação/ND
Golpe da biometria facial
Um idoso de Joinville, no Norte catarinense, caiu em um golpe que coleta ilegalmente a biometria facial. Com os dados dele, os criminosos abriram uma conta bancária, solicitaram um cartão de crédito e gastaram mais de R$ 2 mil. O esquema foi descoberto pela Operação Fakemetria, deflagrada pela Polícia Civil no início de abril.
A vítima relata que foi até uma loja, em um shopping da cidade, para ajudar sua esposa a trocar de celular e a escolher um novo plano telefônico. Lá, um funcionário informou que precisaria cadastrar sua biometria facial para liberar o acesso ao novo plano.
Segundo ele, o procedimento de coleta das informações foi repetido diversas vezes, sob alegação de erro ao finalizar a ação. “Depois de quatro horas e meia liberaram ‘nós’”, contou em entrevista exclusiva à NDTV RECORD Joinville.
Falso advogado
Uma idosa de 67 anos foi vítima do falso advogado em Joinville. O caso aconteceu em maio de 2025. A vítima estava internada em um hospital da cidade quando recebeu mensagens de um contato se passando por sua advogada.
Em entrevista para a NDTV Record, a vítima conta que ela pediu valores para pagar algumas taxas, e que seria sobre uma ação que a idosa, supostamente, teria ganho.
Para enganar as pessoas, os criminosos utilizam fotos e dados de advogados reais. Entre os artifícios para persuação estão o envio de documentos falsos, que parecem do judiciário, como se fossem verídicos.
Além disso, eles aproveitam da relação de confiança que se tem com advogados para aplicar os golpes.
Para evitar cair, a OAB Joinville orienta que a população desconfie de contatos informando troca de número, confira o DDD utilizado e, sempre que possível, ligue diretamente para o advogado ou para o escritório para confirmar a veracidade da solicitação.
Os advogados que tiveram sua imagem utilizada indevidamente devem registrar um boletim de ocorrência e comunicar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que atua em conjunto com a Polícia Civil nas investigações para coibir esse tipo de golpe.