‘Ela nos escolheu’: arara vira símbolo de cidade mineira e mobiliza moradores após ser levada por moradora


Mascote vivia solta há quatro anos em Moeda, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi homenageada no carnaval e foi capturada na nesta sexta-feira (13). Caso gerou campanha pela devolução da ave. Arara-canindé Mascote, que virou símbolo de Moeda (MG).
Reprodução
A retirada de uma arara-canindé conhecida como Mascote, que vivia solta há quatro anos na cidade de Moeda, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, provocou comoção e revolta entre os moradores.
A ave, que vivia livre há quatro anos e havia transcendido o status de animal para se tornar um verdadeiro símbolo cultural, virando homenagem do carnaval da cidade, foi levada por uma moradora ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-MG) na sexta-feira (13). (entenda abaixo) Desde então, moradores pressionam pela devolução.
“Devolvam a mascote de Moeda, aqui ela é muito bem tratada e livre. Ela nos escolheu!”, defendeu uma moradora, em uma publicação em uma rede social.
Diante da repercussão, a Prefeitura de Moeda divulgou apoio formal ao movimento, afirmando se tratar de um “ato arbitrário e unilateral” e que “vai fazer o possível para trazer a nossa arara de volta”.
O g1 entrou em contato com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão ligado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e responsável pelo Cetas-MG, para saber o estado de saúde de Mascote, os critérios técnicos para sua permanência no centro e se há possibilidade de uma reavaliação do caso, mas não teve retorno até a ultima atualização desta reportagem.
‘Gesto de amor’ e suspeita de cativeiro
A mulher que entregou a arara ao órgão estadual afirmou, em uma série de publicações nas redes sociais, que agiu por “gesto de amor”, com a intenção de permitir que a mascote tenha chance de viver em seu habitat natural e se reproduzir.
“Vai ter um companheiro (a) e botar vários ovinhos no tronco das árvores”, escreveu, em uma das publicações nas redes sociais.
No entanto, ao contar que a ave dormiu em sua casa na noite anterior à entrega, a mulher despertou a desconfiança dos moradores. A principal pergunta que se espalhou na cidade foi: por que prender Mascote, mesmo que por uma noite, se ela sempre viveu livre?
A comunidade argumenta que havia uma regra “não escrita”, um pacto de respeito: todos recebiam as visitas de Mascote, ofereciam comida, interagiam, mas jamais a mantiveram em cativeiro ou impediram sua partida.
A suspeita de que a ave tenha sido mantida em cativeiro, mesmo que por uma noite, antes de ser levada, é vista por muitos como uma quebra de confiança e um ato que contradiz a própria liberdade que a mulher alegava buscar para o animal.
Ave participou de missa de Ação de Graças de Dia das Mães (Gustavo Henrique)
Rainha do Carnaval de Moeda e do cotidiano
A comoção em Moeda não por um animal qualquer: é pela perda de um ícone popular, consagrado oficialmente na maior festa da cidade.
Neste ano, ela foi a grande homenageada do carnaval da cidade, com o tema “Arara Mascote”. As ruas foram decoradas com imagens da arara-canindé, e imagens que ainda circulam nas redes sociais mostram a cidade inteira vestida para a estrela.
Outros vídeos mostram a personalidade marcante de Mascote: em um deles, ela parece “dançar” ao som de música no quintal de uma moradora; em outro, ela está tranquilamente pousada nos cabos de energia em uma das praças da cidade, “assistindo” a uma missa de Ação de Graças no Dia das Mães deste ano. (veja vídeo acima)
“As pessoas começaram a ter sempre em casa sementes de girassol, amendoim, frutas. Ela tornou-se um símbolo de conexão entre os moradores. As pessoas passaram a se comunicar mais, tudo em torno da presença da arara”, conta Cleide Mara Machado, moradora do bairro São Geraldo.
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