Projeto de revitalização do Rio do Brás passa por entraves judiciais por conta do novo deque – Foto: DIVULGAÇÃO/ND
Durante anos, o Rio do Brás, em Canasvieiras, foi sinônimo de poluição, mau cheiro e abandono. A transformação desse cenário é uma demanda antiga de moradores e ambientalistas da região Norte de Florianópolis, que passou a tomar forma com as primeiras intervenções da prefeitura a partir do fim de 2024.
O desassoreamento do rio, uma das etapas mais importantes, já foi realizado e mudou parte da paisagem do local. No entanto, a revitalização completa ainda não saiu do papel.
Hoje, o projeto esbarra em entraves judiciais e burocráticos. A área do rio é de responsabilidade da União, com gestão da SPU (Secretaria do Patrimônio da União), e está sob o escopo de duas ações civis públicas, como explicou o secretário adjunto municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Florianópolis, William Nunes.
Por isso, segundo Nunes, não é possível dar sequência às próximas etapas, como a construção do deque de contemplação. “Ali tem duas ações civis públicas ao qual, graças ao nosso trabalho aqui na prefeitura, acreditamos que, em breve, ela estará praticamente resolvida”, afirmou o secretário adjunto.
Projeto de revitalização do Rio do Brás prevê a instalação de um deque e áreas de passeio – Foto: DIVULGAÇÃO/ND
A prefeitura afirma já ter respondido todos os questionamentos da SPU, o último deles foi na semana passada sobre as medidas do equipamento, e aguarda agora a liberação para a construção do deque.
Sem essa autorização, o município fica impedido de prosseguir. “A gente tem que ter a responsabilidade de ter essa segurança jurídica. Não adianta a prefeitura ir lá, fazer o deque e depois receber uma multa, ter que demolir e ainda desperdiçar dinheiro público”.
O projeto do deque já está pronto, com contrato assinado. O valor estimado da obra, que inclui passeios públicos e a passarela de contemplação, é de R$ 950 mil.
Melhora da qualidade da água do Rio do Brás
Enquanto aguarda a liberação, a prefeitura concluiu etapas como o desassoreamento do Rio do Brás, investimento de R$ 425 mil, e a retirada das macrófitas — plantas aquáticas que costumam se proliferam em ambientes poluídos.
A última limpeza foi realizada há cerca de dois meses. “A gente tá com a média de limpeza das macrófitas a cada dois meses e meio. Antes era de seis em seis. Isso é um problema constante, mas a gente consegue demonstrar que a água está melhorando gradativamente, inclusive a oxigenação” afirmou William.
Ações para limpeza do Rio do Brás já foram realizadas em Florianópolis – Foto: Germano Rorato/ND
O índice de coliformes fecais, que antes ultrapassava o aceitável, caiu para 131 mg/ml, em última amostragem realizada no dia 24 de março. O limite considerado próprio para banho, segundo ele, é de 1.000 mg/ml. “As pessoas podem questionar ‘Ah, mas é balneável, vocês têm coragem de mergulhar?’. Não sou eu que tô falando, é a pesquisa” reforçou o secretário.
O próximo passo é a instalação de aeradores — equipamentos que melhoram artificialmente a oxigenação da água — em parceria com a Casan. A instalação será feita pelos técnicos da companhia, utilizando a rede elétrica local.
Resultado das ações mostraram melhoras nas condições
Na visita da reportagem, na última quarta-feira (11), o rio apresentava-se sem macrófitas, o que evidencia uma melhora nas condições ambientais. “O município está dando uma resposta rápida. Sempre que a gente tem algum questionamento de morador vizinho ali referente à macrofita, a gente tá com a nossa equipe lá”, declarou William.
Às margens do Rio do Brás, a antiga área de barro foi substituída por grama nova e mudas de árvores nativas. A rua lateral, por sua vez, ainda está com buracos causados pelas obras, e a recuperação depende do cronograma do deque.
“Não adianta mexer na rua agora e depois ter que quebrar tudo de novo para fazer a ligação com a rede fluvial. Queremos fazer tudo num pacote só, de forma ordeira e correta” justificou o secretário.
Nunes revelou ainda que a prefeitura pretende deixar dois funcionários fixos para a manutenção do Rio do Brás, no futuro. “O que podíamos fazer, fizemos. Agora, dependemos exclusivamente dessa ação civil pública. Mas é uma obra de compromisso do prefeito. A gente vai concluir”, garantiu William Nunes.