O tardígrado vive do fundo dos oceanos ao topo das montanha – Foto: Reprodução/ND
Minúsculos, resistentes e com uma aparência que lembra uma mistura de porco com uma lesma, os tardígrados são verdadeiros sobreviventes do planeta.
Medindo menos de um milímetro, esses seres microscópicos são encontrados em praticamente todos os cantos da Terra, do fundo dos oceanos ao topo das montanhas, e intrigam cientistas há décadas por um motivo simples: nada é capaz de matá-los.
Eles já resistiram a situações que matariam qualquer outro ser vivo, como temperaturas congelantes ou altíssimas, radiação do espaço, desidratação extrema e até a falta de oxigênio.
O segredo? Um tipo de botão interno que os coloca em animação suspensa, um estado em que praticamente “desligam” o corpo e esperam as condições melhorarem para voltar à vida normal.
O segredo do tardígrados
Um estudo recente, publicado na revista PLOS ONE, conseguiu identificar como esse processo começa.
Animal consegue entrar em estado de “stand by” – Foto: Reprodução/ND
Segundo os pesquisadores Derrick Kolling e Leslie Hicks, o “sinal” para o corpo do tardígrado entrar em dormência vem de um aminoácido chamado cisteína.
Quando o ambiente se torna tóxico ou hostil, esse composto reage com os radicais livres, moléculas instáveis produzidas em momentos de estresse, como frio intenso ou excesso de sal, e desencadeia o processo de sobrevivência extrema.
Em testes de laboratório, os cientistas submeteram os tardígrados a diferentes condições críticas e observaram o efeito da oxidação da cisteína, que alterava a estrutura de certas proteínas e acionava a dormência.
Além da curiosidade científica, a descoberta pode ter aplicações importantes para os humanos no futuro – Foto: Reprodução/ND
Quando bloquearam a ação desse aminoácido, os animais não conseguiam mais “sentir” o perigo e não ativavam o modo de sobrevivência.
Esse sensor biológico simples, mas poderoso, explica por que os tardígrados continuam vivos desde antes dos dinossauros e como conseguiram passar intactos pelos cinco grandes eventos de extinção em massa da Terra.
Além da curiosidade científica, a descoberta pode ter aplicações importantes para os humanos no futuro.
A mesma lógica usada por esses “ursos d’água” para se proteger de danos celulares pode ajudar a entender melhor o envelhecimento e os impactos de viagens espaciais no corpo.