Linha de Wallace: a fronteira invisível respeitada pelos animais há milhões de anos

Linha de Wallace intriga cientistas – Foto: Reprodução/ND
Entre a Ásia e a Oceania, uma linha imaginária divide o planeta de forma surpreendente. Mesmo com poucos quilômetros de mar entre algumas ilhas, as espécies que vivem de um lado simplesmente nunca cruzaram para o outro.
Essa divisão, chamada de Linha de Wallace, ainda intriga cientistas por suas implicações profundas na evolução e distribuição da vida na Terra.

Onde fica a Linha de Wallace?
A fronteira começa no Estreito de Lomboque, no arquipélago malaio, na Indonésia, e segue em direção ao norte, marcando uma transição abrupta entre a fauna asiática e a australiana.
De um lado, elefantes, tigres e macacos. Do outro, cangurus, cacatuas e ornitorrincos. Cada lado evoluiu de forma independente, mesmo com proximidade geográfica.
Como surgiu a Linha de Wallace?
A explicação está na história geológica da região. Há cerca de 30 milhões de anos, a colisão entre as placas tectônicas australiana e eurasiana criou o atual arquipélago e moldou as correntes oceânicas e o clima.
Mesmo durante as Eras Glaciais, quando o nível do mar caiu e surgiram pontes terrestres em outras partes do mundo, o Estreito de Lomboque permaneceu profundo demais para permitir conexões. Resultado: espécies de uma margem nunca chegaram à outra.
Estreito de Lomboque é profundo demais para permitir conexões entre os animais – Foto: Reprodução/ND
A linha foi identificada no século 19 pelo naturalista Alfred Russel Wallace, contemporâneo de Darwin. Ao comparar ilhas vizinhas como Bali e Lomboque, ele percebeu que a fauna mudava drasticamente, mais até do que entre países separados por oceanos.
Ele propôs então que barreiras invisíveis moldavam o caminho da evolução, ideia que mais tarde ajudaria a fundar o campo da biogeografia.
Fronteira continua
Atualmente, com ajuda da genética e de novos mapeamentos, os cientistas tratam a Linha de Wallace mais como um gradiente do que uma fronteira rígida.
Animais não cruzam Linha de Wallace até hoje – Foto: Reprodução/ND
Algumas exceções ocorrem, como morcegos e besouros que conseguiram atravessar. Mesmo assim, o padrão se mantém: as espécies seguem fiéis a seus territórios, como se obedecessem a um limite natural invisível.
Um estudo publicado em 2023 analisou mais de 20 mil espécies de vertebrados e reforçou a validade da linha.
Enquanto animais asiáticos avançaram por ilhas úmidas em direção ao leste, os representantes da fauna australiana continuaram restritos a regiões mais secas e isoladas.

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