TV Liberal teve acesso, com exclusividade, a levantamento produzido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) na região. Quase três meses depois do deslizamento de terra, que deixou centenas de moradores desalojados em Abaetetuba, nordeste do Pará, um levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que 14 mil pessoas vivem sob risco de novos deslizamentos na região. A TV Liberal teve acesso ao relatório com exclusividade.
O estudo indica 28 áreas mapeadas na região continental e nas ilhas, onde há risco de erosão e que precisam ser monitoradas. Das 28 áreas de risco, 6 são de nível médio; 21 de nível alto; e 1 de nível muito alto de novos incidentes.
Em 2014, havia uma área de risco geológico mapeada, impactando 112 imóveis e 448 pessoas. Já atualmente, são aproximadamente 3.500 imóveis e quase 14 mil pessoas impactadas.
Segundo Sheila Gatinho, pesquisadora do SGB, a região da orla é historicamente alagada e a população, ao longo do tempo, precisou implementar aterros nos terrenos, usando sementes de açaí, piçarra e serragem. Abaixo disso, há o subsolo lamoso, com baixa capacidade de suporte de carga.
Ainda segundo o SGB, novas áreas de risco podem surgir caso gestão municipal não adote medidas para mitigar os riscos já existentes. A indicação são estudos mais detalhados ao longo da orla.
Abaetetuba tem seis episódios de deslizamentos desde a década de 1980. O mais recente foi no dia 26 de fevereiro, quando centenas de pessoas tiveram de deixar suas casas. Uma igreja preciso user evaduada e a torre de transmissão de energia tombou.
O Corpo de Bombeiros Militar e a Defesa Civil monitoram a área e acompanham a evolução dos efeitos da tragédia, identificando que ainda há risco potencial. Mais de 200 imóveis estão interditados.
Já os moradores ainda não sabem se vão poder voltar para casa. “Onde é que a gente vai ficar, que até agora ninguém falou nada pra gente, onde vamos morar de novo”, questiona a moradora Síria Rodrigues.
A prefeitura de Abaetetuba informou que já possui novo terreno, onde devem ser construídas unidades habitacionais, com apoio do Ministério das Cidades. A previsão é que um condomínio seja construído para receber os moradores desalojados. Enquanto isso, alguns vivem do aluguel social ou em casas de parentes, entre outras possibilidades.
“Uma das questões deve ser a proibição da habitação ao longo da via majoritariamente afetada que fica próximo ao último deslizamento, e onde há atividade comercial, especialmente de açaí, além de alguns portos. As casas vão precisar ser demolidas e esse trabalho a prefeitura não tem como fazer uma só vez”, informa a secretária de Obras de Abaetetuba, Ana Carolina Simões.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop) esclareceu que houve a redução de aproximadamente cinco mil metros quadrados da área citada pelo levantamento.
Na área, segundo a Sedop, estão sendo elaborados estudos geológicos com batimetria, sondagens, topografia e geofísico para subsidiar projetos de engenharia que devem permitir a execução de obras corretivas e preventivas.
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O deslizamento
Torre de energia foi atingida por deslizamento de terra em Abaetetuba
Prefeitura de Abaetetuba/Reprodução
No dia do deslizamento, 26 de fevereiro, várias casas foram atingidas nos bairros do São João e São José. O perímetro ficou com trincas no solo da Rua Siqueira Mendes até o final da D. Pedro I.
Uma torre de transmissão de energia ficou prestes a tombar. Casas situadas às margens do rio Maratauíra também foram destruídas pelo deslizamento de terra.
Segundo a Prefeitura Municipal de Abaetetuba, não houve feridos e, por precaução, foi necessária a evacuação de emergência dos moradores no entorno. Equipes realizaram o isolamento da área e o remanejamento das famílias para o ginásio esportivo Hildo Carvalho.
Equipes do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e Defesa Civil foram acionado para a Travessa Dom Pedro I, local onde foram registrados os primeiros deslizamentos, para avaliar a gravidade dos danos e auxiliar os moradores que ficaram apreensivos e ouviram novos estalos.
A prefeita Francineti Carvalho solicitou apoio do Governo do Estado e do Ministério das Cidades. A prefeitura anunciou que iria destinar recursos para o aluguel social das famílias afetadas com o desastre.
O Governo do Pará informou que prestou assistência ao município e deslocou Forças de Segurança Pública, equipes da Seaster e Cohab.
Levantamento aponta que 14 mil pessoas vivem sob riscos, após quase 3 meses de deslizamento em Abaetetuba, no Pará
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