Segundo o irmão de Giovanny Diniz, as ameças começaram após a viagem. Advogado do suspeito questiona prisão preventiva e diz que há “elementos indiciários extremamente frágeis” contra o cliente. Givanny Diniz Carvalho e o PM suspeito de cometer o crime
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Uma semana após o assassinato do personal trainer Giovanny Diniz Carvalho, morto com vários tiros na porta de casa, no bairro Vila Mocó, em Petrolina, Sertão de Pernambuco, a família está unida para tentar superar a tragédia. Além dos pais e irmãos, o personal deixou três filhos, frutos do casamento com a também personal Aila Pimenta, que morreu eletrocutada em fevereiro, e a namorada, que está grávida.
“Minha família está muito unida, dando força para mainha, para meu pai que também está muito fragilizado. Cada um dando um pouco de força, minha família vai seguir em frente”, diz o irmão de Giovanny, Giorgenes Diniz.
A mãe e a filha mais velha de Giovanny presenciaram o assassinato do personal. “Minha mãe está muito fragilizada, porque ela viu tudo o que aconteceu e no final ela ainda viu o rapaz dando vários tiros no meu irmão, e a filha mai velha dele que viu tudo lá de cima da sacada do prédio”.
O suspeito de cometer o crime é o policial militar Murilo Ribeiro Araújo, de 35 anos. Ele foi preso no dia seguinte ao crime e segue preso preventivamente no Presídio em Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife.
Segundo Giorgenes, o suspeito e Giovanny se conheciam. A vítima era personal trainer da então namorada do PM. Antes, a mulher era atendida por Aila. “Então, foi através da academia, que meu irmão era personal da menina, já vinha há 3, 4 anos e ela era aluna da Aila Pimenta. E a Aila passou para meu irmão, de tanto confiar no trabalho do meu irmão, passou para meu irmão”, conta.
“E de lá para cá, vinha tudo acontecendo normal. Aí depois do acidente do meu irmão, foi quando ela se solidarizou com meu irmão, chamou meu irmão para sair algumas vezes, tudo de casal, porque ela estava com o acusado e meu irmão já estava com outra moça”, completa Giorgenes.
O irmão de Giovanny diz que os dois casais chegaram a viajar juntos para Morro de São Paulo, na Bahia, e foi após a viagem que o personal passou a ser ameaçado.
“ Quando voltou dessa viagem de Morro de São Paulo, foi quando começou as ameaças. Foi quando começou e namorada terminou com o acusado. E pronto, aí só veio aumentando as ameaças, aumentando”.
Giorgenes diz que a família chegou a procurar o suspeito para tentar apaziguar o caso, mas sem sucesso. “Conversamos com ele, ele tirou por menos, não queria conversar, não queria nada, procuramos outros meios de chegar nele com amizades e falar com ele, mas, mesmo assim, ele não aceitou.”
Apesar do histórico, Giorgenes diz que a família foi pega de surpresa com a morte de Giovanny. “Já tinha se acalmado um pouco, a gente pensou que tinha se acalmado, e a gente ficou mais calmo. Mas aí aconteceu o que aconteceu”.
O que diz a defesa do PM
Marcílio Rubens, advogado do PM acusado de matar o personal trainer Giovanny Diniz, em Petrolina
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O advogado Marcílio Rubens é o responsável pela defesa do policial militar Murilo Araújo, preso preventivamente pela morte de Giovanny. Segundo o advogado, não há provas suficientes que justifiquem a prisão do cliente.
“Até esse momento, nós temos elementos indiciários extremamente frágeis e que, a nosso sentir, não justificariam uma medida extrema como é a prisão. Outras medidas cautelares, fosse essa a necessidade, seriam suficientes para garantir a instrução criminal, a aplicação da lei penal e a ordem pública, conforme se é disposto no nosso código de processo penal. No entanto, como houve o decreto prisional, o nosso objetivo é acelerar a apuração do feito e buscar que a audiência de instrução ocorra o mais breve possível, a fim de que nós possamos apresentar os elementos de prova necessários a comprovar a não responsabilização do nosso cliente”.
Ao questionar a prisão preventiva, o advogado de defesa repete que a decisão foi tomada com “fundamentos frágeis”. Segundo Marcílio Rubens, o objetivo inicial é fazer com que o cliente saia da cidade de Abreu e Lima e volte para Petrolina.
“O nosso objetivo é que ele possa estar recolhido em uma unidade prisional local, se não responda ao processo em liberdade, de forma a facilitar o contato com a defesa e contribuir com a celeridade do processo, para que se esclareça efetivamente a sua não responsabilização”, diz Marcílio Rubens.
O advogado destacou que as armas de trabalho e pessoal do PM, que é licenciada foram apresentadas à polícia. “Ele não possui armas não licenciadas. Essas armas foram recolhidas pela autoridade policial para que sejam submetidas à perícia e possa-se verificar que essas armas não foram utilizadas no crime”.
Personal trainer é assassinado em Petrolina oito meses depois da morte da esposa
O assassinato de Giovanny foi gravado por câmaras de segurança do prédio onde a vítima morava. As imagens e os depoimentos de familiares ajudaram a polícia a chegar até o suspeito. O homem que atira diversas vezes no personal usava um balaclava, escondendo o rosto.
“A primeira situação é que cabe ao Estado provar a culpa e não a pessoa acusada provar a inocência. Nós chamamos isso de princípio de presunção de inocência. E até agora, como foi dito, o que se tem são depoimentos prestados por familiares da vítima e o que se aponta é que filmagens denotariam uma compreensão física similar a do nosso cliente, o que efetivamente não é um elemento de garantia para uma condenação ou que se leve alguém à prisão. Esse é o nosso modesto entendimento”, afirma o advogado. .
“No entanto, diante da situação já posta, o que nós queremos é acelerar a apuração do feito, é buscar esclarecer a justiça e a sociedade que efetivamente, não tendo sido ele o autor do crime, não houve outras linhas de investigação até esse momento para se apurar. Quem efetivamente possa ter cometido esse crime”, destaca Marcílio Rubens.
Para o irmão de Giovanny, há provas suficientes para mostrar a autoria do crime. “Esperamos que a justiça aja, que faça o correto, porque provas, têm. Tem ameça, tem tudo”.
Sobre o crime, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou em nota que “o caso tramita em segredo de justiça, para não atrapalhar as investigações”.
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