O contraventor foi preso nesta terça-feira pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), réu por mandar matar o rival Fernando Iggnácio, fuzilado há 4 anos. Contraventor Rogério Andrade é preso por mandar matar rival Fernando Iggnácio
Rogério Andrade, preso nesta terça-feira (29) por mandar matar o rival Fernando Iggnácio, terá que ir para uma cadeia federal.
A 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, que expediu os mandados de prisão contra o bicheiro e Gilmar Eneas Lisboa, determinou que o contraventor seja incluído “em estabelecimento prisional federal de segurança máxima”.
O maior bicheiro do Rio, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, foi preso pelo Ministério Público do Rio de Janeiro na Operação Último Ato. Uma nova denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), aceita pela Justiça, apresenta provas que demonstrariam que Rogério é o autor do plano.
Iggnácio, genro e herdeiro do contraventor Castor de Andrade, foi executado em 10 de novembro de 2020 em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes. Ele tinha acabado de desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis, na Costa Verde, e foi alvejado ao caminhar até o carro. Os tiros foram de fuzil 556. Relembre como foi o crime.
A TV Globo apurou que Rogério Andrade iria primeiro para o Presídio de Benfica e depois para Bangu 1 — para só então ser transferido a uma unidade federal.
Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio de Janeiro
Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Briga pelo poder
Castor de Andrade era um dos capos do jogo do bicho e morreu de infarto em 1997. Iggnácio, que o sogro sempre considerou favorito para sucedê-lo, assumiu esse império e o expandiu com máquinas de caça-níqueis.
Rogério é sobrinho de Castor e sempre teve desavenças com o “parente”. No fim dos anos 90, Rogério revolveu investir também no caça-níquel e passou a invadir parte do negócio de Iggnácio, dando início a uma guerra sangrenta na família: pelo menos 50 pessoas foram assassinadas na disputa.
Rogério Andrade foi preso na manhã desta terça-feira (29)
Reprodução/ TV Globo
Vaivém na Justiça
Em março de 2021, o MPRJ tinha denunciado Rogério Andrade pelo mesmo crime. No entanto, em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu trancar a ação penal contra o contraventor, alegando falta de provas.
“Em novo procedimento investigatório criminal, o Gaeco identificou não só sucessivas execuções protagonizadas pela disputa entre os contraventores Fernando Iggnácio e Rogério de Andrade, mas também a participação de uma outra pessoa no homicídio de Fernando: Gilmar foi o responsável por monitorar a vítima até o momento do crime”, narra o MPRJ.
Sem tornozeleira
Em abril deste ano, Rogério Andrade retirou a tornozeleira eletrônica que monitorava seus deslocamentos, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O contraventor ficou quase 1 ano e meio com a tornozeleira eletrônica e cumprindo recolhimento domiciliar noturno — não podendo sair de casa após as 18h.
A vigilância eletrônica decorria da 2ª fase da Operação Calígula, em agosto de 2022, quando Andrade foi preso ao lado do filho, Gustavo.
A Operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ no dia 10 de maio, teve mais de 30 denunciados, 14 presos e Gustavo e Rogério como foragidos. O nome de Rogério chegou a constar da lista dos mais procurados da Interpol.
Entre os presos estavam os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém.
Segundo a denúncia do MPRJ que embasou a operação, Rogério Andrade expandia seus negócios de exploração de jogos de azar em vasta área geográfica, mediante a imposição de domínio territorial com violência, além da prática reiterada e sistêmica dos crimes de corrupção ativa, homicídio, lavagem de dinheiro, extorsão e ameaça, dentre outros.
Rogério seria o chefe da organização criminosa que contava ainda com o PM reformado Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, e a delegada Adriana Belém, que facilitaria as ações do grupo.
Gustavo aparecia como o número 2 na hierarquia criminosa montada pelo pai. É também chamado de Príncipe Regente.
Rogério Andrade é preso no Rio de Janeiro
Reprodução/ TV Globo
Rogério de Andrade é patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel
Reprodução