‘Que sejam condenados e sirvam de exemplo’, diz mãe de Marielle sobre julgamento de Ronnie e Élcio

A mãe da Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018 ao lado do motorista Anderson Gomes, falou nesta terça-feira sobre a expectativa pelo julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de participação do crime, que tem início nesta quarta-feira (30).
A advogada Marinete Silva disse no Encontro Com Patrícia Poeta, da TV Globo, que espera que seja feita justiça,
“Não normalizem isso no nosso país, de uma defensora que ficou 10 anos na Comissão de Direitos Humanos ser abatida da maneira que foi a minha filha e o Anderson […] Que eles sejam condenados sim, que sirvam de exemplo para o nosso país e para o Rio de Janeiro que tem sofrido bastante em relação à segurança pública”, disse.
Na noite do último domingo (27), parentes de Marielle Franco e de Anderson Gomes se reuniram em uma missa aos pés do Cristo Redentor. A missa faz parte de uma série de eventos do Instituto Marielle Franco para chamar a atenção da opinião pública e exigir respostas da justiça com a ida de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz à júri popular, no 4º Tribunal do Juri do RJ.
Ao lado de Marinete, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse à Patrícia Poeta que nova mobilização será feita antes do julgamento.
“A gente fez do nosso luto uma luta diária, não somente pela Marielle e Anderson, mas também pelas pessoas que tombaram nesse nosso país. Amanhã teremos uma mobilização às 7h em frente ao Ministério Público”, falou.
A ministra diz o julgamento será uma espécie de batalha para os familiares.
“Pessoas contando os detalhes de como foi articular e assassinar uma mulher que tinha sido eleita ali democraticamente. Acho que nunca na nossa cabeça vai caber o entendimento do real motivo de como as pessoas podem ser tão cruéis e frias. São muitos dias de lutas e eu acho que a gente também não vai acabar por aqui ainda”.
Quase 7 anos de espera
A mãe de Marielle Franco diz que o assassinato da filha se transformou em uma luta constante em sua vida.
“A gente entende que a morte da Marielle também é uma forma de a gente resistir contra esse sistema que a gente tem visto no Rio de Janeiro e tantos outros lugares. Estar hoje aqui também é uma forma de resistência, de luta, de transformação desse luto horrível, que não tem nome. Não tem como definir o que é a dor de uma mãe passar o que eu passei”, fala.
“Essa é a oportunidade que o Brasil tem de amanhã dizer que não é normal. A gente vai sim estar nessa rua para lutar e dizer que esses homens precisam ser condenados”, completa Marinete.
Tanto Marinete como Anielle esperam que o julgamento seja longo e não termine no primeiro dia.
“Eu acredito que no primeiro dia não tenha sentença. Vamos contar para o segundo dia, pelo menos dia 31 ou no início do dia 1º para ter essa condenação porque é um processo complexo e enorme. A gente quer que esses dois homens sejam condenados e julgados juntos, porque não faz sentido que tenha qualquer outro desfecho”, fala Marinete.
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir, nessa semana, cinco presos por envolvimento no crime.
Os cinco réus no processo no Supremo são: os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime; o delegado Rivaldo Barbosa, que seria o mentor do assassinato; o ex-policial militar Robson Calixto, conhecido como Peixe, ex-assessor de Domingos Brazão e que, de acordo com as investigações teria ajudado a dar sumiço na arma do crime; e o Major Ronald Paulo Alves Pereira encarregado de monitorar a rotina da parlamentar, segundo a delação de Ronnie Lessa.
O depoimento do Major Ronald foi agendado para esta terça-feira (29).
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