Pacientes sofrem nas unidades enquanto aguardam transferência para hospitais de referência na rede estadual de saúde. A espera angustiante de pacientes dos PSMs por uma transferência
A demora por atendimento especializado no sistema público de saúde leva drama para famílias paraenses. Pacientes que precisam de leitos em hospitais de referência em Belém sofrem com falta de respostas rápidas para problemas que exigem urgência.
Há quase um mês, uma família vive sob muita espera e angústia por uma transferência. O pai de Iara Correa está internado no Pronto Socorro do Guamá, com um tumor no rim e precisa de cirurgia urgente. O procedimento deve ser feito em outro hospital, mas ele ainda não conseguiu leito.
“O caso dele é tão urgente, que não pode passar mais, estamos nesse impasse, ele está sem se alimentar, tão fraco, fica dizendo que não sabe se vai aguentar esperar pelo leito”, diz Iara.
Carlos Otávio Maciel Castro tem 86 anos. Ele aparece em um vídeo deitado no chão, sendo medicado. No corredor do hospital há vários pacientes, e mais um outro idoso também no chão. O idoso ficou por um dia naquela situação, e só depois foi para um leito na enfermaria.
O paciente foi quase encaminhado para o Hospital Ophir Loyola, mas pela falta de uma biópsia a transferência não foi possível, segundo a família. Problemas na documentação do quadro clínico dele também estaria dificultando a obtenção do serviço.
A demora por atendimento especializado também preocupa a família de Rose Sousa. O tio dela precisa de cirurgia na vesícula. Ele estava internado no Hospital de Mosqueiro, onde aguardou por semanas por uma transferência. “Ele ficou três semanas lá e duas semanas sem registro para leito, disse que eu ia no Ministério Público, aí foram registrar”.
No último sábado, o paciente foi transferido de Mosqueiro ao Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, na tv. 14 de Março, mas na unidade não teve o atendimento que precisa. Segundo a família, ele foi novamente inscrito no sistema e segue aguardando por nova transferência.
Em um comunicado, a direção do hospital de Mosqueiro falou sobre a transferência de Celso Nazareno Andrade para o PSM Mário Pinotti. Em outro, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) explica que o paciente foi cadastrado no sistema de regulação para ser transferido a hospital de referência com leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e hemodiálise, o que ainda não ocorreu, segundo familiares.
Em um vídeo, o paciente aparece no PSM da 14 de Março, sem suporte que realmente precisa, e novamente à espera de transferência, sem previsão.
“Ele está aqui no pronto socorro, foi abandonado numa maca, sendo que ele corre risco”, afirma Rose Sousa.
Sobre o caso do paciente Carlos Otávio Macial, a Sesma disse que ele está devidamente acomodado em uma enfermaria à espera de vaga em hospital da rede estadual ou no Hospital Barros Barreto, do complexo universitário.
Já a Secretaria de Estado, responsável pela central de leitos, disse que já está providenciando a transferência, sem apontar a previsão.
Familiares convivem com angústia à espera de leitos em hospitais públicos de Belém
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