Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que o Pará tem a sétima cidade mais violenta do país e coloca a polícia paraense entre as cinco que mais matam no país. Estado também teve, em 2022, pior índice de mortes violentas desde 2019 na série histórica. Pará tem aumento da violência entre policiais e civis em 2022, aponta Anuário
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A violência envolvendo policiais e civis aumentou em um ano no Pará. É o que aponta os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (20).
Em 2021, foram 12 policiais mortos dentro e fora de serviço. No ano seguinte, foram 17, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A taxa de mortes de agentes de segurança é a segunda mais alta do país, empatado com Tocantins: uma morte a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Piauí, com índice de 2,3, em 2022.
Entre os casos no Pará está o do sargento da Polícia Militar, Milton Carlos Silva de Menezes, morto aos 41 anos, na porta da casa onde morava.
O crime foi no dia 25 de janeiro em Bragança, distante 195.27 km da capital Belém. No dia seguinte, um suspeito foi morto por policiais. À época, outra morte de policial havia sido registrada em menos de 24 horas, em Icoaraci, distrito da capital.
Já as mortes de civis em ações policiais saltaram de 548 em 2021 para 621 em 2022, registrando aumento de 12,7%.
O índice deixa o Pará entre as cinco polícias que mais mataram no Brasil em 2022.
A taxa é de 7,7 mortes por 100 mil habitantes, atrás de Sergipe (7,9); Rio de Janeiro (8,3); Bahia (10,4); e Amapá (16,6).
O Pará também registra o pior índice de mortes violentas na série histórica em três anos.
Foram 2.997 vítimas – número que não havia sido ultrapassado desde 2019, quando o estado teve 3.497 mortes. Em 2021 foram 2.964 e em 2020, 2.876. Em um ano, de 2021 a 2022, o aumento foi de 0,6%.
O estado tem ainda a 7ª cidade mais violenta do Brasil: Altamira, com taxa de 70,5 mortes por 100 mil habitantes.
O município teve ondas de violência com mortos e feridos. Em uma delas, doze pessoas tinham sido assassinadas e os crimes foram associados às facções criminosas, segundo o governo. A Polícia precisou reforçar a patrulha.
O Pará é também o terceiro estado mais violento da região Norte, com 36,9 mortes a cada 100 mil habitantes, atrás do Amazonas (38,8) e Amapá (50,6).
As taxas ficam acima da média nacional – de 23,4 por 100 mil habitantes; e também acima da média na Amazônia, que chegou a 33,8 por 100 mil habitantes.
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Violência na Amazônia
O Anuário aponta que na Amazônia Legal há dois fatores que contribuem diretamente para a violência letal na região: “a intensa presença de facções do crime organizado e de disputas entre elas pelas rotas nacionais e transnacionais de drogas que cruzam a região; e o avanço do desmatamento, garimpos ilegais e a intensificação de conflitos fundiários”.
Outros estudos do FBSP já indicavam que a violência na Amazônia está associada à violência do narcotráfico e às disputas entre as facções, além da intensificação dos conflitos fundiários com o avanço do desmatamento; e da exploração ilegal de recursos naturais.
Em contrapartida, o estado do Pará reduziu em um ano as despesas com segurança pública, isso proporcionalmente ao total de despesas do governo. A segurança tinha 11,5% dos gastos em 2021 e diminuiu para 10,7% no ano seguinte.
A recomendação do Fórum para combater este cenário é a aplicação de outros arranjos federativos e de cooperação na prevenção e enfrentamento de crimes e violências.
“A atual estrutura estatal não é capaz de, sozinha, dar conta desse enorme desafio”.
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