Bebês recém-nascidas morreram em datas diferentes de julho. Familiares relatam dificuldades para conseguir transferência de hospital de Ananindeua para unidade de referência em Belém. Família denuncia negligência médica em caso de trigêmeas que morreram prematuras em hospital do Pará.
Reprodução / Arquivo Pessoal
Bebês trigêmeas morreram em menos de um mês no Hospital Santa Maria de Ananindeua (HSMA), na região metropolitana de Belém. A família relata negligência médica no tratamento das meninas, que nasceram prematuras e acabaram não sobrevivendo. Os familiares dizem ainda que tentaram conseguir transferência hospitalar, mas não tiveram resposta a tempo.
Na tarde desta segunda-feira (24), família e amigos realizaram um velório por volta das 15h30. A mãe não estava em condições emocionais para conceder entrevista, segundo os parentes.
As três bebês nasceram no dia 30 de junho e já foram internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital particular, que também recebe verbas municipais da prefeitura de Ananindeua, atendendo também pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a família, os médicos disseram que, devido ao quadro de prematuridade com apenas 31 semanas de gestação, as meninas precisavam ganhar peso antes de receberem alta.
No dia 1° de julho, a menos de 24 horas do parto, uma das meninas faleceu após sofrer uma parada cardíaca.
A família alega não entender como a saúde da primeira bebê piorou tão rapidamente depois do nascimento, já que os exames pré-natais tinham sido todos realizados na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará – instituição referência em maternidade no estado.
Diante da primeira morte, os familiares solicitaram a transferência das outras duas meninas para o hospital Santa Casa, que fica em Belém. No entanto, a família aponta que o HSMA teria se recusado, alegando que havia recursos suficientes para o tratamento das bebês no local, sem necessidade de transferência.
A terceira e última bebê, uma semana antes do falecimento estava bem e saudável, diz a família. A mãe, P.F.S.M., estava realizando a alimentação com o próprio leite materno, cinco vezes ao dia, enquanto a bebê já ia apresentando aumento de peso.
Família denúncia morte de bebês trigêmeas por negligência médica em hospital em Ananindeua
Reprodução/Acervo Pessoal
Os familiares reclamam que, na última terça-feira (18), um médico plantonista receitou o consumo de leite em fórmula para a bebê, a fim de agilizar o processo e ela receber alta na semana seguinte.
Os familiares da criança teriam percebido a regressão do quadro de saúde da menina e alertaram novamente sobre a necessidade da mudança de hospital para um melhor atendimento, ainda no último sábado (22).
A bebê morreu no domingo (23). Até que a família foi, nesta segunda-feira (23), aos hospital em busca de informações e foram informados do falecimento por obstrução intestinal grave, segundo a equipe médica.
A comunicação entre a família e a equipe médica também é alvo de críticas, visto que não foram informados prontamente sobre o falecimento da última bebê. Para os familiares, toda a situação poderia ter sido evitada caso a transferência hospital tivesse ocorrido desde a primeira vez em que solicitaram.
O que dizem os hospitais
Em nota, o Hospital Santa Maria de Ananindeua informou que a solicitação de transferência foi feita no sábado (22), mas aguardava o retorno do gerenciamento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Na data de 22/07/2023, sábado passado, houve solicitação de transferência por parte da família e a mesma se encontrava em tramitação, onde independe deste hospital o gerenciamento de leitos do Sistema Único de Saúde”, detalhou o hospital.
A nota cita ainda que “o HSMA atualmente realiza cerca de 4 mil partos por ano, sendo referência em gestação de alto risco, contando com UTI neonatal e UTI adulto na retaguarda para manutenção à vida”.
Destino do pedido de transferência, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará foi procurada pelo g1, e disse, por meio de assessoria, que realiza apuração do caso antes de manifestar.
Já a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), também contatada, é responsável pelo sistema de regulação estadual e ainda não havia se manifestado até a publicação da reportagem.
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