Dados do Imazon apontam que municípios com piores índices também estão entre os piores indicadores sociais, como é o caso de Altamira – sétima cidade mais violenta do Brasil. Estudo demonstra o impacto negativo do desmatamento na Amazônia Legal
Se a Amazônia fosse um país, ela teria Índice de Progresso Social (IPS) equivalente ao da nação africana de Malawi. Dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que municípios que mais destruíram a floresta nos últimos três anos possuem também os piores indicadores sociais.No Pará e outros estados da Amazônia, os dados demonstram o impacto negativo do desmatamento.
O IPS da Amazônia permanece estagnado desde a primeira edição do levantamento, feito em 2013. O índice analisa as condições sociais e ambientais dos territórios, com pontuações de zero a cem.
Na Amazônia, o IPS foi menor – 54,32 – do que o índice do Brasil – 67,94, segundo o levantamento do Imazon. Nenhum estado da Amazônia Legal superou a média nacional.
Os pesquisadores avaliaram 47 indicadores de áreas como saúde, educação, segurança e moradia em 772 municípios da Amazônia Legal – formada por noves estados brasileiros.
Já os municípios que mais devastaram a floresta, nos últimos três anos, tiveram os piores desempenhos sociais.
Violência e desmatamento
Em Altamira, município do sudoeste do Pará, por exemplo, moradores confirmam o que revelam as estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A cidade é a sétima mais violenta do país.
“Tem muita violência, assalto, assassinatos, tá acontecendo muito, e a pessoa fica com medo, receio de sair de casa”, diz o professor Cassiano de Souza.
Segundo Aiala Colares, especialista em segurança, o município de Altamira “vem sendo disputado por facções que tentam legitimar as ações por meio da violência”.
A violência também está associada ao desmatamento. Destruir florestas para retirada de madeira e ouro ilegalmente, por exemplo, gera conflitos e isso afeta o Índice de Progresso Social (IPS) da região.Ou seja, piora as condições de vida dos moradores.
A consequência chega no campo da economia, porque afasta investidores das cidades amazônicas, como Altamira, como conclui o estudo do Imazon.
“O desmatamento é quase um câncer que vai inibindo e retardando a marcha do progresso social da Amazônia”, afirma Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon.
“Se a gente melhorar os índices ambientais, a gente vai melhorar a segurança. E se a gente melhorar a segurança a gente vai melhorar a economia também. Agora, além disso, tem que fazer um investimento grande em infraestrutura de banda larga na Amazônia”.
Sobre a violência em |Altamira, a Secretaria de Segurança Pública (Segup) disse que faz operações diárias de combate à criminalidade e que no ano passado houve redução de 37% nos crimes violentos no município.
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Acesso à internet
A baixa qualidade de internet atrapalha a educação e diminui as oportunidades nas áreas mais distantes como Portel, na ilha do Marajó.
“As pessoas que precisam fazer aulas on-line, principalmente aqueles que estão no nível superior, e isso é uma dificuldade muito grande porque a internet não é de qualidade”, explica Ney Mendonça, servidor público.
Os moradores reclamam que já até perderam consulta médica por causa da falta de acesso. “Tem que remarcar a consulta, voltar outro dia, e às vezes também não presta a internet”.
Novos caminhos
Floresta amazônica
Jornal Nacional
Especialistas afirmam que aumentar a produção agropecuária em áreas já derrubadas e investir em bioeconomia estão entre as soluções para manter a floresta em pé e melhorar o desenvolvimento social amazônico.
“Existe uma janela de oportunidades enorme para economia da Amazônia nessa chamada economia verde, o que traz atração de investimentos de negócios e geram empregos que propiciam o pagamento de impostos e recolhimentos de tributos. Isso pode , por sua vez, melhorar os serviços públicos e contribuir com a melhoria do progresso social na região”, conclui Veríssimo.
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