
Pedro Tourinho fez crítica nas redes sociais após vídeo de ensaio da loira em Salvador viralizar. Artista ainda não se posicionou. Secretário de Cultura de Salvador cita ‘racismo’ e é apoiado por Ivete após Claudia Leitte substituir nome de orixá em música
Joilson Cesar/Ag. Picnews/Reprodução/Redes Sociais/Max Haack/Ag Haack
O secretário de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho, usou as redes sociais, nesta terça-feira (17), para fazer críticas após Claudia Leitte voltar a substituir o nome de Iemanjá, a orixá das águas, na letra da música “Caranguejo”.
A situação em questão aconteceu no sábado (14), durante a estreia do ensaio de verão da loira no Candyall Guetho Square, em Salvador, onde fica a sede da Timbalada – banda criada por Carlinhos Brown.
Em vídeos que viralizaram na web, a cantora surge trocando “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua” (Jesus em hebraico), como já fez em outros shows pelo Brasil.
Sem citar o nome da artista e sem trazer o trecho, Tourinho compartilhou cards com um longo texto exaltando a importância do Axé e chamando atenção para a origem do ritmo nas religiões de matriz africana.
“Axé é uma palavra de origem yorubá, que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana. Deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada Axé Music”, escreveu.
Em seguida, o secretário chamou atenção para como artistas brancos acabam se sobressaindo em relação a outros, que são negros, quando se fala em destaque na música.
“Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no axé music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na ‘cozinha’, são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar”.
Por fim, Pedro Tourinho se colocou contra a retirada dos nomes de orixás das músicas originalmente escritas com as citações, e ainda apontou racismo na atitude.
“Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu.
Pouco depois, Ivete Sangalo surgiu nos comentários, defendendo o pensamento, com direito a palmas.
“Sim! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻”, comentou a cantora.
Publicação viralizou
A postagem viralizou pouco tempo depois, levando ao secretário de Cultura de Salvador a fechar os comentários. Autor de um livro intitulado “Ensaio Sobre o Cancelamento”, o Pedro Tourinho fez uma edição na legenda explicando a decisão.
“Essa questão que levantei é muito mais sobre o todo do que sobre a parte, e maior e mais endêmica do que qualquer caso isolado. Sei que perde-se controle, mas a intenção não é alimentar hate contra ninguém, e sim puxar a discussão como um todo sobre a necessidade de saber o que é axé e reconhecer toda a história. Fechei comentários porque a discussão estava indo na direção errada”, escreveu.
Leia a crítica de Pedro Tourinho na íntegra abaixo 👇
“Axé é uma palavra de origem yorubá, que tem um significado e um valor insubstituível na cultura e nos cultos de matriz africana. Deste mesmo lugar, e com essa mesma importância, vêm também os toques de percussão que sustentam, dão identidade e ritmo à chamada Axé Music.
Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no axé music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na ‘cozinha’, são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar.
Homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, trazendo os tambores para frente, os compositores para o alto. Têm de remunerar também de forma equivalente todas as cores. Têm de trazer a informação da origem daquela batida, falar de Dodô tanto quanto de Osmar. Celebrar aquele momento, trazendo luz a tudo e todos.
Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua repercussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo”.
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