Aos 84 anos, Dona Onete é um fenômeno do Pará para o mundo. Tíítulo de Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará ocorreu na última quarta-feira (6), de forma unânime pelos deputados paraenses. Dona Onete também cantou no show Pará Pop, no quarto dia de Rock in Rio
Graça Paes/AgNews
Após a obra musical de Dona Onete ser reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará, pela Assembleia Legislativa do Estado, a cantora diz que foi pega de surpresa com a homenagem e que o sentimento é de muita alegria.
“Eu estou muito feliz com tudo que está acontecendo em vida. Obrigada, gente. Eu espero não decepcionar ninguém”, afirmou a artista de 84 anos.
O título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará ocorreu na última quarta-feira (6), de forma unânime pelos deputados.
“Para mim é importante eu ainda estar viva e saber que aconteceu isso comigo. Como é gostoso a gente ser reconhecida. A luta foi árdua, mas deu certo”, agradece.
Cantora e compositora paraense Dona Onete
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Nascida em Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó, em 18 de junho de 1939, Dona Onete diz estar feliz pelo carimbó ter chegado a esse patamar de reconhecimento.
“Chegou a nossa hora. A gente vem lutando há muito, muito tempo. Era um remar contra a Maré. Mas acho que a maré virou e agora a gente está remando a favor. A gente está sendo aceito. A gente esperou por tanto tempo”, afirma.
Carimbó chamegado
A cantora, de nome de batismo Ionete da Silveira Gama, é também reconhecida por tornar famoso o carimbó chamegado – termo cunhado por ela mesma para definir seu estilo musical.
“Eu tive a felicidade de fazer um carimbó um pouco diferente, chamegado. É um jeito, com os meus músicos, que a gente faz ao levar mais alegria”, conta.
Dona Onete é dona do carimbó chamegado.
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Dona Onete diz lutar tanto o carimbó raiz, com letras mais tradicionais, quanto o carimbó chamegado.
“E viva o carimbó brasileiro, viva a nossa música regional. Isso foi só o começo. Aguardem a gente”, destaca.
Ritmo de sucesso
A artista conta que o ritmo já está sendo difundido fora do Brasil por outros cantores e grupos.
“Tem um grupo de carimbó que chama-se Moreno, na Inglaterra. Eles cantam e fizeram em minha homenagem. Também temos na França a Nazaré Pereira, que já é uma lutadora de muitos anos. E ela canta o carimbó”, afirma.
Capa do álbum ‘Rebujo’, de Dona Onete
Walda Marques / Divulgação
Em tom de descontração, a cantora fala que após todo esse reconhecimento do ritmo e da sua obra musical, fica até preocupada.
“Agora me deram a maior responsabilidade. […] Vou ter que prestar mais atenção, porque agora já prestaram mais atenção em mim”, brinca.
Projetos futuros
Dona Onete revela que atualmente está fazendo um trabalho de pesquisa sobre o banguê, ritmo usado como forma de resistência na cidade de Mocajuba.
“Eu soube que ainda está existindo um grupo de velhinhos de 80, 90 anos que ainda fazem o banguê”, diz.
Livro resgata histórias de vida de Dona Onete, artista paraense que só conheceu a fama após os 70 anos.
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Ela diz que pretende visitar a cidade para fazer filmagem sobre a origem desse ritmo musical.
“Vou lá filmar e trazer para mostrar para vocês que de onde é que nasceu esse ritmo tão gostoso, que é o bangueiro. É o ritmo de festa de interior da cidade, daqui do Pará. É um ritmo nosso”, afirma.
Fenômeno do pará
Aos 84 anos, Dona Onete é um fenômeno do Pará para o mundo. Lançando seu primeiro álbum aos 72 anos, a artista traz uma trajetória marcante como mulher forte e independente, professora, até chegar na sua carreira como cantora, compositora e artista pop.
Dona Onete foi professora de História durante 25 anos, Secretária de Cultura e fundadora de grupos de dança e música regional. Atualmente, segue compondo de maioria boleros e tantos outros gêneros, como carimbó “chamegado”, “bangüês”, lundus, e mais.
Dona Onete no clipe de ‘Festa do tubarão’
Bruno Carachesti / Divulgação
Em 2012 Dona Onete grava e lança seu primeiro CD, “Feitiço Caboclo”, que marca seu primeiro hit, “Jamburana”. Em 2013, tocou em muitos festivais de música nacionais e foi destaque de documentários sobre a música brasileira.
No ano de 2016, Dona Onete lança seu segundo álbum com músicas inéditas, “Banzeiro”. Este novo trabalho autoral trouxe um repertório inspirado no passado histórico-cultural da artista e contando um pouco da história dos negros escravos que foram trabalhar nas lavouras de cana do Pará.
Em 2019, lança 4 novos videoclipes e seu terceiro álbum, “Rebujo”. Neste mesmo ano volta ao primeiro lugar na World Music Charts Europe com a música “Rebujo” (Festa do Tubarão) e segue entre as 5 mais tocadas do ano.
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