ONG atua na Amazônia Legal, região que possui apenas 13% das bibliotecas públicas brasileiras, e uma taxa de analfabetismo de 9,4%, enquanto no Brasil a taxa é de 6,3%. Ação já atua em regiões do Pará, como Portel, no Marajó
Eny Miranda
As comunidades de Macapazinho, Graças a Deus e Nazaré, em Castanhal na Grande Belém, passam a ter bibliotecas comunitárias fomentadas pela ONG Associação Vaga Lume, que há anos atua no incentivo à leitura na Amazônia Legal, região que possui apenas 13% das bibliotecas públicas brasileiras.
As novas três bibliotecas se juntam às outras já inauguradas pela ONG na cidade: Quilombo São Pedro, Cupiúba, Assentamento João Batista II e Boa Vista. A implantação das novas bibliotecas começa a partir da quinta-feira (28).
A novidade é parte importante da trajetória da Associação Vaga Lume, que possui um trabalho de 21 anos implantando e mantendo bibliotecas em comunidades tradicionais da Amazônia Legal. O movimento reforça a expansão da rede que pretende dobrar o número de bibliotecas até 2030. Hoje, são 89.
“Um dos principais objetivos da expansão é diminuir a defasagem que esta região do país tem em relação a outras áreas do Brasil quando o assunto são equipamentos culturais”, comenta Lia Jamra Tsukumo, diretora executiva da Vaga Lume.
Crianças interagem com os livros da biblioteca na comunidade Menino Deus, em Portel
Emilie Rivas
Enfrentamento ao analfabetismo
Além do baixo número de bibliotecas na Amazônia, a população também enfrenta a defasagem de políticas de valorização da cultura local e dos povos originários. As consequências são evidentes: a taxa de analfabetismo na região é de 9,4%, enquanto no Brasil a taxa é de 6,3%, de acordo com o PNAD 2019.
Nos últimos anos, a ONG tem trabalhado na criação de ferramentas para monitorar, acompanhar e apoiar o desenvolvimento sustentável das bibliotecas existentes e das novas que estão sendo implantadas desde 2022.
Para escolher as áreas de expansão, foi feito um estudo que avaliou as fragilidades e potencialidades dos 22 municípios da região onde a Vaga Lume já atua, levando em conta fatores educacionais, ambientais, empresariais, atuação de organizações não governamentais e ameaças, como o desmatamento. Atualmente, a ONG contabiliza 89 bibliotecas comunitárias e 5 mil mediadores de leitura formados.
No ano passado, por exemplo, foi inaugurada uma biblioteca no município de Oriximiná, na comunidade Jarauacá; e outras duas no município de Portel, nas comunidades São José Amparo e Vila Castanhal – todas no estado do Pará.
“Nosso propósito é empoderar crianças e jovens de comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais com a leitura, a escrita e a oralidade para ajudar a formar pessoas mais engajadas na transformação de suas realidades”, destaca Lia Jamra Tsukumo.
Projeto de incentivo à leitura na Amazônia implanta bibliotecas comunitárias em Castanhal
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