Explosão aconteceu na tarde da última quinta-feira (26). Dezessete pessoas estavam a bordo e 9 foram encaminhadas ao Hospital de Emergências (HE) com queimaduras. Três permanecem internadas, entre elas, uma criança em estado grave. A esquerda, José Raimundo com os braços queimados e a direita, o que restou da embarcação após o incêndio
Núbia Pacheco/g1
Após perceber que a embarcação pegava fogo no Rio Amazonas, o piloto entrou no meio das chamas, salvou todos os passageiros e saiu deixando para trás um dos maiores bens materiais que construiu ao longo dos anos. Os passageiros eram todos da mesma família e da mesma comunidade no interior do Pará. Eles saiam de Macapá e retornavam para casa com velas e flores para homenagear os familiares no Dia de Finados, sepultados na comunidade ribeirinha.
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Ribeirinho de 47 anos salvou todos os familiares que estavam na embarcação que pegou fogo no Rio Amazonas
Núbia Pacheco/g1
O piloto José Raimundo Lima, de 47 anos, conhecido como “Zeca”, conta que não parou enquanto não terminou de desocupar a embarcação e ver os 16 passageiros, entre eles duas crianças de 3 e 7 anos, fora de perigo.
“Eu não podia deixar ninguém, tinha que ajudar, foi o que eu fiz. Não abandonei, socorri todo mundo. Pedi apoio para ajudarem e tive cuidado para ninguém se machucar. Não abandonei, fui o úlitmo que vim de lá. Vim quando vi que não tinha mais jeito e que todos estavam fora do barco”, falou.
A embarcação de pequeno porte explodiu na tarde da última quinta-feira (26) no Rio Amazonas, na orla de Macapá. A família voltava para a comunidade do Rio Anajás, no municipío de Afuá. Na foto a cima, é possível ver que só sobrou o casco da lancha a deriva no rio após o incêndio ser controlado.
Nove pessoas feridas foram encaminhadas ao Hospital de Emergência (HE), entre elas, uma mulher grávida de 7 meses, uma criança de 3 anos, outra de 7 anos, e o piloto, que foi enviado para casa de uma parente no bairro Vale Verde, na Zona Sul de Macapá.
Atenção, imagens fortes
g1
Criança e adulto feridos após embarcação pegar fogo no Rio Amazonas
Reproduçãoa/Internet
Esta família, assim como grande parte das famílias que moram nas regiões ribeirinhas paraenses localizadas próximo ao Amapá, costumam juntar as economias e se deslocam até a capital, Macapá, para comprar mantimentos.
Próximo ao Dia de Finados (que este ano é celebrado na próxima quinta-feira), elas também viajam para comprar os itens utilizados para homenagear os entes queridos, nas visitas aos túmulos, que eles chamam de “iluminação”.
Embarcação pega fogo no Rio Amazonas; incêndio teria começado botijão de gás / Redes sociais
Era o que os passageiros da embarcação que explodiu faziam em Macapá. O Seu “Zeca” ia prestar homenagens pela primeira vez à esposa, que faleceu há apenas 2 meses.
Na mala, eles levavam tudo que foi possível comprar nesta última viagem. Alimentos, dinheiro, roupas, documentos, flores e velas foram perdidos em meio às chamas.
Sem a embarcação, sem dinheiro, com 9 feridos e 3 pacientes internados, José Raimundo conta que por enquanto ninguém tem perspectiva de retorno para casa.
“No momento ninguém tem como voltar, estão todos sem dinheiro para voltar para a comunidade. Todos perderam tudo, documentos, dinheiro, ficamos todos só com a roupa do corpo”, desabafou.
Explosão
Por volta da 16h da última quinta-feira (26), vários vídeos nas redes sociais mostravam uma embarcação tomada pelo fogo na orla de Macapá. Aos poucos chegavam notícias sobre a situação dos passageiros que estavam no barco.
Segundo o Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes), o incêndio teria começado com a explosão de um botijão de gás. Dezessete pessoas estavam na embarcação, que tinha como destino a comunidade do Rio Anajás, localidade do município de Afuá, no interior do Pará.
O proprietário da embarcação confirmou que o incêndio começou com a explosão do botijão e afirmou que a embarcação era familiar e que não trabalhava com transporte de combustíveis.
“O momento foi de pânico porque a botija estourou e a gente não sabe como foi para estourar. Só que tinha barco por perto, que socorreu até a lancha da praticagem chegar. O que explodiu foi só o gás, não tinha outra coisa. A embarcação era da família, não era de passar nem combustível e nem passageiro, era só a família”, afirmou.
Não houve mortes, mas o fogo atingiu a maioria dos tripulantes. Duas crianças, uma de 7 anos e outra de 3 anos, ficaram feridas com maior gravidade.
A Capitania dos Portos do Amapá informou que vai instaurar um inquérito administrativo para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.
Vítimas internadas
Três das vítimas mais graves seguem internadas, o restante foi liberado para fazer acompanhamento em Unidade Básica de Saúde (UBS).
Segundo a Adrielly Lima, responsável técnico do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), a criança, teve cerca de 75% do corpo atingido por queimaduras de 2º e 3º grau.
Ela foi intubada e transferida para o Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital da Criança e do Adolescente (HCA), na área central da capital.
Ainda segundo ela, a mulher grávida teve queimaduras na região do tórax, rosto e membros superiores. Nesta sexta-feira (27) ela deve passar por uma avaliação obstétrica na Maternidade Mãe Luzia.
A terceira vítima, segue internada no HE com queimaduras de 2º e 3º grau na região do rosto, ainda sem previsão de alta.
Embarcação pega fogo no rio Amazonas: vítimas foram socorridas e levadas para o hospital
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Ribeirinho dono de embarcação que explodiu no Rio Amazonas salvou 16 pessoas: ‘não podia deixar ninguém’
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