Há 16 anos, arrastão do Cordão do Galo transforma a vida e leva alegria à população de Cachoeira do Arari, no Marajó

Projeto incentiva cultura e formação de brincantes desde 2008 na cidade, que tem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Neste ano, 150 jovens participaram de oficinas e vivências que mudam vidas. No Arrastão, que saiu neste domingo, cerca de 700 pessoas saíram às ruas da cidade. Arrastão do Cordão do Galo iniciou em frente ao Museu do Marajó e teve sua conclusão no Salão Paroquial de Nsa. Sra. da Conceição.
Guto Nunes
Cerca de 700 brincantes saíram às ruas de Cachoeira do Arari, no arquipélago do Marajó, neste domingo (14), por meio do cortejo chamado “arrastão do Cordão do Galo”. A programação é a conclusão de uma ação social do Instituto Arraial do Pavulagem em parceria com a Irmandade dos Devotos de São Sebastião.
Cordão do Galo
Guto Nunes
A festa iniciou com um ato de Salvaguarda do planeta: antes da saída do cortejo, foi realizada a plantação de um pé de Samaumeira. A muda passou de mão em mão e foi levada por crianças com deficiência e entregue por Ronaldo Silva, representante do Arraial do Pavulagem, a uma outra criança com autismo, que realizou o plantio.
Lidiara Melo, mãe de uma das crianças beneficiadas pela ação, diz que “a importância do projeto é conseguir apropriar a nossa cultura para a linguagem das crianças, desenvolvendo elas e proporcionando um aprendizado único”, conta.
“Depois do Cordão do Galo, meu filho mais velho, que é autista, começou a socializar melhor com as crianças e outras pessoas, Ele tinha bastante dificuldade. E depois das atividades, dá pra ver uma melhora muito clara na vida dele”, diz Aline Cristina, que é mãe do Rafael William, outro participante do projeto sócio-cultural.
Projeto tem foco em crianças e adolescentes
Guto Nunes
Programação além do cortejo cultural
Este ano, entre o dia 8 e 12 de janeiro, os jovens marajoaras participaram de oficinas de Canto, Percussão, Dança, Perna de Pau e Cavalinho. Elas foram ministradas por instrutores do Instituto Arraial do Pavulagem.
Além das oficinas, as crianças também participaram de atividades lúdicas de educação ambiental.
Ao longo dessas atividades, o Instituto também promoveu a alimentação dos participantes, com almoço e lanche, e realizou doações de roupas, materiais de higiene e escolar, e 143 cestas básicas, arrecadados em Belém durante as ações que levantaram fundos para a realização do Cordão do Galo em 2024.
“O Cordão do Galo é um trabalho focado na criança e no adolescente, oportunizando inclusão cultural e social para este público, buscando oferecer um futuro melhor para quem precisa. A cultura é o que nos move e faz a gente continuar caminhando nessa jornada, com a intenção de servir de exemplo para outras comunidades e iniciativas do Marajó, de Belém e do Pará inteiro. Manter esse propósito vivo é fundamental para o desenvolvimento da nossa Amazônia, diz Ronaldo.
Cultura à favor da sociedade
Iniciativa oferece aprendizado de cantos populares e danças
Guto Nunes
O Cordão do Galo é um projeto sócio-cultural realizado pelo Instituto Arraial do Pavulagem e pela Irmandade dos Devotos de São Sebastião desde 2008 em prol das crianças e adolescentes de Cachoeira do Arari, município que possui baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
A iniciativa promove ações voltadas especialmente para o público infanto-juvenil, que têm a oportunidade de participar da concepção do Cordão do Galo e de atividades voltadas para a formação de brincantes. Por meio da construção de elementos culturais, aprendizado de cantos populares e danças, os jovens dão vida ao folguedo popular e resgatam a história da comunidade.
O folguedo popular nasceu atrelado à Festividade do Glorioso São Sebastião, patrimônio cultural imaterial do Brasil, acontece sempre no mês de janeiro, uma semana antes do Dia de São Sebastião e, por conta disso, passou a se constituir também como salvaguarda daquele patrimônio. O brinquedo popular, na forma de um galo, homenageia o padre Giovanni Gallo, fundador do Museu do Marajó.
“Nossas crianças são nosso maior tesouro. Acreditamos que o caminho correto para o crescimento da criança marajoara é estar imersa em sua história, sua música e suas danças. O Cordão do Galo transcende a condição de mero ato ou projeto sociocultural; é um espaço de intercâmbio e compartilhamento de conhecimentos, saberes e práticas”, finaliza.
O projeto contou com doações do público, parcerias, o patrocínio da Ferry Boat Amazonas e o apoio de Point do Açaí, Ideia Soluções, Prefeitura de Cachoeira do Arari, Fundação Cultural do Pará (FCP), Secretaria de Cultura do Estado (SECULT) e Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
Assista a outras notícias do Pará: