O que é a Casa da Dinda? Conheça a mansão símbolo da queda de Collor

Conheça a Casa da Dinda, símbolo da queda de Collor – Foto: TV Record/Reprodução
Quem viveu o começo dos anos 1990 provavelmente se lembra do clima de instabilidade política que dominou o Brasil. Mas um endereço se tornou um dos símbolos da crise: a Casa da Dinda. Orçada em US$ 2,5 milhões, a mansão que abrigava o então presidente Fernando Collor de Mello foi alvo de denúncias.
Localizada no Lago Norte, bairro nobre do Distrito Federal, a mansão teria sido paga com dinheiro de contas fantasmas controladas por PC Farias, o tesoureiro da campanha do ex-presidente, e ficou nacionalmente conhecida.

A fama não aconteceu apenas pelo luxo, mas por estar no centro das denúncias que acabaram no primeiro impeachment de um presidente eleito por voto direto após a redemocratização.
O que era a Casa da Dinda?
A propriedade, oficialmente registrada como um imóvel particular de Collor, ficou conhecida durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigou o “Esquema PC”, nome dado ao sistema de corrupção supostamente comandado por Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Collor em 1989.
Segundo os depoimentos e documentos colhidos pela CPI, recursos do esquema abasteceram gastos pessoais do presidente, inclusive reformas e manutenção da Casa da Dinda.
A Casa da Dinda custa mais de US$ 2,5 milhões – Foto: Reprodução/Google Street View
A mansão foi comprada pelo pai de Collor, Arnon Afonso de Farias Mello, e o apelido da casa veio de Dona Lindalva, avó do ex-presidente, chamada de “Dinda”.
O imóvel ocupa um terreno com cinco mil metros quadrados com campo de futebol, piscina, heliponto e amplos jardins. A residência, no entanto, era diferente da realidade econômica do país, que enfrentava alta inflação, desemprego e medidas impopulares como o confisco das poupanças.
O imóvel e os escândalos que levaram ao impeachment de Collor
A Casa da Dinda foi palco de festas e encontros políticos, mas também de protestos, o mais simbólico deles ocorreu durante os “caras-pintadas”, manifestações lideradas por estudantes que exigiam o afastamento de Collor.
Isso porque denúncias vieram à tona em 1992, quando o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, revelou em entrevistas o envolvimento de PC Farias em um esquema de corrupção e tráfico de influência que beneficiava o governo.
Casa da Dinda foi um dos símbolos dos escândalos envolvendo o ex-presidente Fernando Collor de Mello – Foto: Arquivo Nacional/Reprodução/ND
Segundo investigações da CPI, o dinheiro arrecadado por meio de empresas-fantasmas e superfaturamento de contratos públicos era usado para bancar despesas pessoais do presidente e seus aliados. Entre as despesas estavam as reformas na Casa da Dinda.
A revelação de que a mansão símbolo da vida privada de Collor estava diretamente ligada ao esquema de corrupção foi o estopim para uma onda de indignação popular. Sob forte pressão social e política, o processo de impeachment avançou no Congresso Nacional.
Antes da votação final no Senado, em dezembro de 1992, Collor renunciou ao cargo na tentativa de evitar a cassação. A manobra, no entanto, não surtiu efeito. O Senado prosseguiu com o julgamento e decidiu pela inegibilidade para cargos públicos por oito anos.
O que aconteceu com a Casa da Dinda após o processo
Após se tornar o símbolo de um dos maiores escândalos políticos do Brasil, a Casa da Dinda teve um destino mais discreto do que o protagonismo que viveu nos anos 1990.
A mansão continuou pertencendo ao ex-presidente e à sua família durante muitos anos, mesmo com as investigações e processos judiciais que cercavam seu nome.
Três veículos de luxo foram apreendidos pela Polícia Federal na Casa da Dinda em 2015: uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e uma Lamborghini prata. As apreensões já faziam parte das investigações da Lava Jato.
Carros de luxo foram apreendidos na Casa da Dinda em 2015 – Foto: O que é a Casa da Dinda Conheça a mansão símbolo da queda de Collor-6
Em 2017, uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que a Casa da Dinda ainda tinha despesas pagas com recursos da cota parlamentar do senador. Collor gastou cerca de R$ 40 mil por mês com segurança, conservação, limpeza e jardinagem na propriedade de sua família, usando verbas destinadas ao seu mandato.
Em abril de 2022, a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, confirmou a condenação de Fernando Collor por uso indevido da cota parlamentar.
A Justiça determinou que o ex-presidente devolvesse os recursos públicos usados para cobrir esses custos na mansão.
Ainda em 2022, a Casa da Dinda foi colocada à venda por meio de um leilão judicial, em um processo vinculado à Operação Lava Jato. O imóvel foi avaliado em 14,72 milhões de reais, com lance mínimo de 80% desse valor, ou seja, R$ 11,8 milhões.
A alienação foi autorizada pela juíza federal Dra. Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal Criminal de Curitiba. O imóvel foi incluído no processo criminal nº 5047744-39.2019.4.04.7000, que segue sob segredo de justiça desde setembro de 2019.

 
 

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