Próxima grande enchente no RS é questão de tempo, alertam especialistas

Enchente no Rio Grande do Sul completa um ano e levanta questões sobre mudanças climáticas – Foto: AFP/ND
Há um ano, 478 municípios gaúchos foram atingidos pelo desastre climático que deixou 183 mortos, 806 feridos e 27 desaparecidos. Meteorologistas avaliam que a próxima enchente no Rio Grande do Sul é uma questão de tempo.
Segundo a MetSul Meteorologia, ainda não há data exata para uma nova tragédia, mas as mudanças climáticas reduzirão cada vez mais o intervalo de tempo entre os eventos extremos.

Após a inundação histórica em 1941, o nível do rio Guaíba ultrapassou a cota de três metros em quatro ocasiões: em setembro de 1967, setembro de 2023, novembro de 2023 e maio de 2024.
A enchente no Rio Grande do Sul no ano passado está associada à atuação do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. A anomalia provoca grande volume de chuva no Sul e seca no Norte e Nordeste.
El Niño e La Niña são fenômenos climáticos que provocam aquecimento ou resfriamento anormal dos oceanos – Foto: Reprodução/NOAA
Dessa forma, o risco de uma nova inundação cresce quando há influência do El Niño no clima do planeta. O ano de 2024 foi o primeiro a registrar aquecimento global 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, com temperatura média de 15,10°C.
Quanto maior o calor nos oceanos, mais vapor d’água é liberado da atmosfera e maior o risco de chuva extrema. Especialistas da MetSul Meteorologia afirmam que não é uma questão de “se” e sim de “quando” haverá uma nova enchente no Rio Grande do Sul.
Há possibilidade de nova enchente no Rio Grande do Sul em 2025?
Apesar do risco crescente de uma nova inundação de grandes proporções, a MetSul esclarece que não há previsão de enchente no Rio Grande do Sul este ano.
Isso porque o El Niño está enfraquecido. A expectativa dos meteorologistas é de que o outono 2025 seja marcado pela neutralidade, com baixa influência das anomalias climáticas.
Desastre ambiental nos moldes de 2024 é improvável em 2025, avaliam meteorologistas – Foto: Divulgação/CBMSC/ND
La Niña, que se refere ao resfriamento das águas do Pacífico, também não deve se manifestar. O fenômeno causa chuvas intensas no Norte e Nordeste do Brasil, assim como secas no Centro-Oeste e no Sul.
O NWS (Serviço Nacional de Meteorologia) dos Estados Unidos revelou em março que a anomalia de temperatura no Pacífico Equatorial Centro-Leste estava em 0,0ºC.
“De forma conjunta, o sistema oceânico-atmosférico reflete enfraquecimento das condições do La Niña e tende para ENOS [El Niño-Oscilação do Sul] neutro”, divulgou a NWS.
Mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pela catástrofe climática no território gaúcho – Foto: Reprodução/Nasa/ND
A última atualização da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos indicam probabilidade de 91% de neutralidade para o trimestre de abril a junho. As chances de influência do La Niña são de 7% e do El Niño de 2%.
Às vésperas da enchente no Rio Grande do Sul em 2024, o Atlântico Tropical atingiu recordes de aquecimento. Este ano, o cenário é diferente e as temperaturas das águas estão menores do que no ano passado.

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