Nível de analfabetismo funcional na região Sul apresentou aumento pela quarta vez consecutiva – Foto: Rosane Lima/ND
Um em cada três moradores da região Sul do Brasil, com idade entre 15 e 64 anos, é analfabeto funcional — isto é, sabe muito pouco a ponto de não compreender pequenas frases, números de telefones ou preços. Esse grupo corresponde a 35% da população da região — acima da média nacional, que é de 29%. Ainda, 5% da população sulista é totalmente analfabeta — não sabe ler e escrever.
Os dados, registrados pelo Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) e divulgados nesta segunda-feira (5), apontam o quarto aumento consecutivo do analfabetismo funcional na região — que já havia saído de 22%, em 2011; para 26%, em 2015; para 28%, em 2018.
Neste ano, o Sul ficou em segundo lugar em porcentagem de analfabetismo funcional, atrás somente do Nordeste (42%), mas à frente do Norte/Centro-Oeste (22%) e do Sudeste (22%).
Em contrapartida, o alfabetismo proficiente do Sul é o maior entre todas as regiões, com 13% — apesar de ser menor do que em 2016, quando registrou 15%. Neste ano, a região ficou à frente do Sudeste (11%), Norte/Centro-Oeste (9%) e do Nordeste (8%). O estudo não divulgou o recorte por estados.
Analfabetismo funcional atinge um em cada seis jovens da região Sul
O Inaf traz também o recorte por idade. Entre os jovens de 15 a 24 anos, o analfabetismo funcional aumentou no Sul. Enquanto, em 2018, 6% dos das pessoas nessa faixa etária estavam na condição de analfabetos funcionais, em 2024, esse índice subiu para 16%.
Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, o aumento pode ter ocorrido devido à pandemia, período em que as escolas fecharam e muitos jovens ficaram sem aulas.
Analfabetismo funcional atinge um em cada seis jovens da região Sul, aponta levantamento – Foto: Wikimedia Commons/Reprodução/ND
Como funciona o teste do Inaf
O indicador classifica as pessoas conforme o nível de alfabetismo com base em um teste aplicado a uma amostra representativa da população. A classificação ocorre em cinco níveis:
Analfabeto;
Rudimentar;
Elementar;
Intermediário;
Proficiente.
O analfabetismo funcional corresponde aos dois níveis mais baixos, analfabeto e rudimentar. O nível elementar é, sozinho, o alfabetismo elementar. Já os dois níveis mais elevados, intermediário e proficiente, correspondem ao alfabetismo consolidado.
Seguindo a classificação, a maior parte do Sul ainda está no nível consolidado — com 34%. Outros 31% se encontram no nível elementar.
Analfabetismo funcional engloba pessoas que não sabem ler e escrever ou sabem muito pouco a ponto de não conseguir compreender pequenas frases, ou identificar números de telefones, ou preços – Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/ND
Sobre o indicador
O Inaf voltou a ser realizado depois de seis anos de interrupção. Esta edição contou com a participação de 2.554 pessoas de 15 a 64 anos, que realizaram os testes entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país, para mapear as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros.
A margem de erro estimada varia entre dois e três pontos percentuais, a depender da faixa etária analisada, considerando um intervalo de confiança estimado de 95%.
Este ano, pela primeira vez, o Inaf traz dados sobre o alfabetismo no contexto digital para compreender como as transformações tecnológicas interferem no cotidiano.