Acolhimento de população de rua em Florianópolis passará a ter tempo limitado, diz secretário

Passarela da Cidadania passará por mudanças significativas após o fim do contrato da gestão atual, no fim de maio – Foto: PMF/Reprodução/ND
O contrato da Nurrevi (Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas), entidade que faz a gestão da Passarela da Cidadania, em Florianópolis, termina no próximo dia 31 de maio. A prefeitura anunciou que não pretende renovar o vínculo e que a nova gestão terá mudanças significativas.
Conforme a administração municipal, a principal mudança será na dinâmica do atendimento: agora, o acolhido deverá ficar por um prazo máximo de 90 dias contínuos — sem direito a sair e voltar. Ainda, deverá participar de cursos profissionalizantes e comparecer a palestras.

Secretaria de Assistência Social anuncia mudanças no atendimento da Passarela da Cidadania
Em entrevista ao Balanço Geral Florianópolis (assista abaixo), o secretário de Assistência Social do município, Bruno Souza, declarou que o modelo adotado pela Nurrevi possuía uma dinâmica que não era eficiente.
“Nós entendemos que o acolhido deve ter um vínculo com a passarela ou o equipamento que o acolhe. Ele não pode ficar lá de forma indefinida. Se ele fica um ano, dois anos frequentando o mesmo local, ele não está em busca de saídas. Na verdade, ele está buscando a sua subsistência com a Passarela. É uma forma de se manter nas ruas através do dinheiro público”, afirmou Souza.
Souza também anunciou que, durante os 90 dias, a pessoa acolhida terá acompanhamento individual e deverá ter a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho ou ser encaminhada para uma comunidade terapêutica para tratamento.
“Se, depois de 90 dias, a pessoa não quiser nem o trabalho, nem o tratamento, não faz sentido nós tirarmos dinheiro da população e investir em quem não quer uma saída”, disparou o secretário.
Por fim, ele ressaltou que o acolhido passará esses 90 dias com acompanhamento e com escuta ativa feita por profissionais.
“Teremos um plano que vai ser rígido, ou seja, quem é acolhido terá que cumprir com o nosso planejamento, os nossos horários e as nossas regras. Terá que ficar dentro da passarela fazendo os cursos, ouvindo as palestras e participando das atividades. E, nesse período de 90 dias, ela terá todas as oportunidades para ser reinserida à sociedade”, concluiu Souza.
Além de serem obrigados a fazer cursos profissionalizantes e atender a palestras, os acolhidos na Passarela da Cidadania terão um prazo de 90 dias para decidir seu futuro – Foto: Diorgenes Pandini/Arquivo/ND
Questionada pela reportagem do ND Mais, a Secretaria de Assistência Social de Florianópolis não soube informar como será feito o acompanhamento da pessoa em situação de vulnerabilidade após os 90 dias e destinação dela após o período. Tampouco foi informado se haverá ampliação da estrutura da Passarela da Cidadania.
Sobre as internações em comunidades terapêuticas, a pasta comunicou que estas ocorrem “conforme a necessidade e a vontade do indivíduo, respeitando sua autonomia” e sugeriu que, “assim como qualquer família em vulnerabilidade, o usuário da passarela poderá solicitar auxílios socioassistenciais por meio do CRAS [Centro de Referência de Assistência Social]”.
Quanto ao novo modelo de gestão, a administração municipal informou que, entre os cursos profissionalizantes disponíveis, “já são oferecidos — e continuarão acontecendo — oficinas técnicas de capacitação em diversas áreas, como barbearia, marcenaria e jardinagem”.
A secretaria também destacou que o município dispõe do programa Floripa Mais Empregos, o qual realiza mutirões no Centro de Convivência Dia, localizado na Passarela da Cidadania. Segundo a prefeitura, o programa cadastrou 80 currículos na plataforma na última segunda-feira (5).
Assista à entrevista do secretário Bruno Souza ao Balanço Geral Florianópolis:

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