Reino Unido e União Europeia voltam a cooperar após ruptura com o Brexit, oficializado em 2020 – Foto: @vonderleyen/X/ND
Cinco anos após o Brexit, Reino Unido e União Europeia anunciaram um acordo histórico nesta segunda-feira (19). A reaproximação abrange as áreas de defesa, pesca e mobilidade dos jovens.
A quebra das barreiras comerciais ocorre em meio às incertezas provocadas pela política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O acordo de segurança também foi influenciado pelo cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia, que aumenta o temor na Europa.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em uma cúpula inédita em Londres.
“Estamos virando a página”, declarou von der Leyen. “Estamos abrindo um novo capítulo em nossa relação”.
“Estamos virando a página”, celebraa belga Ursula von der Leyen – Foto: Virginia Mayo/AP/Estadão Conteúdo/ND
“É hora de olhar para frente, de superar os velhos debates e brigas políticas para encontrar senso comum, soluções práticas que obtém os melhores resultados para o povo britânico”, afirmou Starmer.
O governo britânico estima que os acordos de energia e comércio devem injetar cerca de 9 bilhões de libras na economia nacional até 2040, valor equivalente a R$ 68 bilhões.
Entenda os 3 eixos principais do acordo entre Reino Unido e União Europeia
Defesa e segurança
O pacto de defesa permite que o Reino Unido participe de qualquer compra conjunta que inclua empresas britânicas, como BAE Systems, Rolls-Royce e Babcock, no fundo de 150 bilhões de euros (cerca de R$ 955 bilhões) para remilitarizar a Europa.
Com falta de apoio dos EUA, Europa vê guerra na Ucrânia como sinal para investir em defesa – Foto: Aris Messinis/AFP/ND
Além disso, um acordo que permitiria acesso do Reino Unido ao banco de dados da União Europeia para imagens faciais pela primeira vez. O país já pode acessar informações de DNA, impressões digitais e registros de veículos para facilitar a captura de criminosos.
Pesca
Um novo contrato com duração de 12 anos foi firmado em relação aos direitos de pesca na região. A União Europeia pressionava o Reino Unido para ampliar o acesso dos pescadores de nações-membro nas águas britânicas, após um acordo firmado no Brexit que expira ano que vem.
O governo britânico concordou em prorrogar o acesso até 2038, sem aumento da quantidade de peixes que os navios europeus podem pescar na região. Em troca, a União Europeia vai flexibilizar a burocracia na fronteira com o Reino Unido para facilitar importações e exportações de alimentos e bebidas.
Reino Unido e União Europeia renovam acordo de pesca por 12 anos – Foto: Wirestock/Freepik/ND
Alguns controles de rotina em produtos animais e vegetais serão completamente removidos, permitindo que mercadorias circulem livremente de novo, inclusive entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte.
“Isso deve reduzir preços de alimentos e aumentar a escolha nas prateleiras dos supermercados, o que significa mais dinheiro no bolso das pessoas”, anunciou o governo britânico.
O Reino Unido, maior parceiro comercial da União Europeia, poderá voltar a vender produtos como hambúrgueres e salsichas ao bloco. Desde o Brexit, as exportações caíram 21% e as importações 7% no país.
Mobilidade dos jovens
Os líderes europeus concordaram em autorizar viajantes britânicos a utilizar eGates, um sistema automatizado de controle por verificação biométrica, para reduzir as filas nas fronteiras.
Animais de estimação também terão facilidade ao viajar com a criação de passaportes para cachorros e gatos britânicos, sem necessidade de certificado de saúde em cada trajeto.
Apesar da flexibilização das fronteiras para viajantes britânicos, Reino Unido e União Europeia trabalham para combater migração ilegal – Foto: Reprodução/ND
Reino Unido e União Europeia aceitaram cooperar em um esquema de mobilidade juvenil, em que jovens poderiam trabalhar e viajar livremente pela Europa de novo. A mobilidade teria tempo limitado e as regras ainda serão definidas.
Na mesma linha, os representantes se comprometeram em trabalhar para a adesão no Reino Unido no programa Erasmus, uma iniciativa europeia que financia intercâmbios estudantis no continente.