Municípios de Santa Catarina que produzem carvão estão localizados na região da Amrec – Foto: Pedro Malamam/Reprodução/ND
A indústria carbonífera é um dos motores do desenvolvimento econômico para os municípios de Santa Catarina que produzem carvão ou utilizam esse recurso natural. É no Sul onde a cadeia produtiva está estabelecida, desde a extração, o transporte feito pela FTC (Ferrovia Tereza Cristina) e o uso para a produção de energia.
Atualmente, três cidades ainda possuem minas ativas: Treviso, Içara e Lauro Müller. Mas é Treviso que aparece com maior destaque, conforme explica o presidente da ABCM (Associação Brasileira de Carvão Mineral), o engenheiro de minas Fernando Luiz Zancan. “Quando se fala em carvão, a primeira cidade catarinense que aponta no mapa é Treviso”, observa.
Região da Amrec abriga os municípios de Santa Catarina que produzem carvão
As três cidades responsáveis pela extração do carvão mineral estão localizadas na região da Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera), que tem o município de Criciúma no centro como a grande capital econômica.
Treviso está localizado a 32 minutos de carro de Criciúma. São 25 quilômetros de distância. A cidade soma 3.689 habitantes, conforme dados do censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). São duas mineradoras que empregam cerca de 800 pessoas e geram um movimento econômico que representa cerca de 70% da arrecadação do município.
Treviso tem a economia voltada para a extração de carvão – Foto: Divulgação/Carbonífera Metropolitana/ND
“É uma atividade ainda muito forte no nosso município. Se multiplicar pelo índice balizador de três pessoas por família, são 2.400 pessoas dependentes diretamente do carvão. Sem contar os prestadores de serviços, sem contar toda a cadeia econômica que circula em torno do carvão”, explica o prefeito Luciano Miotelli (MDB).
Praticamente 100% da produção de carvão em Treviso é encaminhada para o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda em Capivari de Baixo, na região da Amurel (Associação de Municípios da Região de Laguna).
Içara: energia, mel e desenvolvimento
Conforme dados do censo de 2022 do IBGE, Içara soma pouco mais de 59 mil habitantes. Vizinha de Criciúma, a cidade é cortada pela BR-101, o que lhe dá vantagens para atrair empresas.
A prefeitura estima que 3,45% do retorno de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) correspondem ao setor carbonífero, ou seja, valor agregado de R$ 114.085.385,93. São quase 300 empregos diretos gerados pela mineração.
O carvão mineral é conhecido como o ouro negro da economia do sul de Santa Catarina – Foto: Divulgação
A prefeita Dalvania Cardoso (PL) considera a indústria do carvão fundamental para o desenvolvimento socioeconómico e para a geração de energia. “O setor é a segunda maior economia do Sul, a mineradora é a terceira maior empresa estabelecida em Içara, gera imposto, gera emprego e é uma matriz energética segura e muito importante para o Sul do país”, afirma.
Além da extração do carvão, Içara também é referência na indústria do mel, considerada a Capital do Mel. Ainda possui relevância no cenário das indústrias metalmecânico, têxtil, cerâmico e plástico, além do agronegócio.
Lauro Müller: tradição carbonífera ao pé da Serra
Lauro Müller está localizada no pé da Serra do Rio do Rastro, a cerca de 44 quilômetros de distância de Criciúma. São 50 minutos de carro. Conforme o IBGE, a cidade tem 14.381 habitantes.
Cerca de 90% da extração de carvão em Lauro Müller (foto) é direcionada para a termelétrica em Capivari de Baixo – Foto: Divulgação/ND
A extração de carvão em Lauro Müller, feita por duas carboníferas que empregam cerca de 800 pessoas, corresponde pela segunda maior fonte de receita, atrás apenas do setor agrícola. O prefeito Valdir Fontanella (PP) reconhece a importância do segmento para a matriz econômica do município.
“Isso traz uma rentabilidade muito forte para a nossa na economia. É uma atividade antiga e nos acostumamos a conviver no dia a dia com carvão”, pondera.
Cerca de 90% da extração de carvão em Lauro Müller é direcionada para a termelétrica em Capivari de Baixo. Os outros 10%, conforme explica Fontanella, estão relacionados ao carvão coque que é comercializado com fundições estabelecidas em cidades como São Paulo e Joinville.
“Toda essa cadeia no Sul gera 21 mil empregos diretos e indiretos. Essas pessoas vão consumir em um restaurante, vão consumir no supermercado. E o dinheiro está sendo gasto e a massa salarial nossa é alta”, explica o presidente da ABCM, Fernando Luiz Zancan.
Em números gerais, o setor carbonífero movimenta cerca de R$ 6 bilhões ao ano, incluindo a extração, o transporte e a própria produção de insumos por empresas que se utilizam deste recurso.