Paredes feitas com garrafas de vidro mostram criatividade – Foto: casadesal.eco/ND
Na ilha de Itamaracá, Pernambuco, uma casa de sete cômodos foi inteiramente construída com mais de 8 mil garrafas de vidro recicladas e outros materiais reaproveitados.
O projeto, idealizado por mãe e filha, uniu criatividade, consciência ambiental e resistência social, mostrando uma nova maneira de erguer uma casa com material mais barato e sustentável no Brasil.
Uma casa construída no Brasil com garrafas de vidro e muita coragem
Batizada de “Casa de Sal”, a construção foi realizada por Edna e Maria Gabrielly Dantas, mãe e filha que decidiram transformar o lixo acumulado na região em moradia. A casa está localizada em uma APA (Área de Proteção Ambiental), cercada por praias e biodiversidade, na ilha de Itamaracá.
Com paredes feitas de garrafas de vidro, divisórias de paletes e azulejos fabricados com tubos de pasta de dente, a casa se tornou um exemplo de como é possível construir com inovação e consciência ambiental.
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Projeto mostra como reaproveitar garrafas na construção – casadesal.eco/ND
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Detalhes das paredes mostram o cuidado artesanal da obra – casadesal.eco/ND
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Ateliê de costura foi o primeiro espaço criado na casa – casadesal.eco/ND
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Paredes artesanais filtram luz natural e proporcionam mais ventilação – casadesal.eco/ND
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A fachada da casa reflete o equilíbrio entre arte e reaproveitamento – casadesal.eco/ND
A maior riqueza foi a simplicidade
O primeiro cômodo construído, de 20m², funcionou como um ateliê de costura. A partir dali, a casa cresceu com sete cômodos ao todo. “O primeiro ano e meio foi pura engenhosidade: sem banheiro convencional, lavando louça em uma bacia. Mas nunca perdemos de vista nossa visão”, contou Gabrielly.
Com a experiência, elas mostraram que é possível erguer uma casa confortável e funcional usando materiais mais baratos e reciclados, mesmo enfrentando obstáculos sociais.
Resistência em forma de construção
Durante o processo, as duas enfrentaram machismo e racismo no setor da construção. “Queríamos contratar mão de obra apenas para tarefas específicas, mas eles sempre queriam dar suas opiniões, nos corrigir e nos dizer como fazer as coisas”, contou Gabrielly.
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Elas também usaram o projeto para denunciar desigualdades históricas. “Mulheres negras no Brasil podem levar até sete gerações, 184 anos, para comprar uma casa própria”, afirmaram nas redes sociais.
A Casa de Sal vai além de uma moradia sustentável. É um manifesto visual contra o desperdício, a desigualdade e a exclusão. Mostra que é possível transformar garrafas de vidro e outros descartes em abrigo, arte e resistência.