Presidentes do Brasil, Estados Unidos e Ucrânia estarão reunidos em encontro tenso do G7 no Canadá – Foto: Reprodução/ND
A cúpula do G7 começou neste domingo (15) em clima de tensão em Kananaskis, Alberta, no Canadá. O encontro reúne líderes das maiores economias do mundo em meio a disputas geopolíticas, alta do petróleo e ameaça de nova guerra comercial.
O principal símbolo do clima tenso é a presença, na mesma sala, de Luiz Inácio Lula da Silva, Donald Trump e Volodymyr Zelensky. É a primeira vez que os presidentes brasileiro e estadunidense se reúnem desde 2017. Há expectativa de reuniões bilaterais entre os três líderes.
O presidente ucraniano busca ampliar apoio internacional contra a Rússia. Se confirmada, esta será sua segunda reunião com Lula – a primeira ocorreu em 2023, durante a Assembleia-Geral da ONU. Na ocasião, um encontro no G7 no Japão havia fracassado.
Lula confirmou presença na semana passada, após convite do primeiro-ministro canadense, Mark Carney. Em tom bem-humorado, disse que iria “antes que os EUA anexem o Canadá”. A participação do Brasil já era esperada nos bastidores do Itamaraty.
Esta é a 50ª reunião do grupo das sete maiores economias do mundo, formado por EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. Além deles, Brasil, Austrália, Ucrânia, Coreia do Sul, México e Índia foram convidados para participar neste ano. O encontro acontece entre domingo (15) e terça-feira (17) no Canadá.
Primeiro-ministro canadense, Mark Carney – Foto: Christinne Muschi/The Canadian Press/Reprodução/ND
Tensões geopolíticas marcam o novo encontro do G7
A 50ª edição do G7 acontece sob o impacto da escalada entre Israel e Irã, que elevou o preço do petróleo e deve dominar parte da pauta. Segundo a imprensa internacional, Israel pediu que os EUA entrem diretamente no conflito para conter o programa nuclear iraniano.
Trump, único com influência real sobre Benjamin Netanyahu, será pressionado pelos demais líderes a agir com cautela. A segurança energética, especialmente no contexto do Oriente Médio, foi apontada como uma das três prioridades do G7 para 2025.
A influência de Trump sobre Netanyahu deverá ser alvo de pressão dos demais líderes presentes na cúpula – Foto: Anadolu Ajansı/Reprodução/ND
Fim da trégua tarifária dos EUA também eleva tensões no G7
A guerra comercial também está no radar. Faltando menos de um mês para o fim da trégua tarifária dos EUA, há expectativa de avanços entre os norte-americanos e países como Japão e Canadá. Por ora, só o Reino Unido firmou acordo com os americanos.
Carney afirmou que a reunião com Trump será crucial para medir a proximidade de um acordo tarifário. “A cúpula do G7 em Alberta será importante por várias razões”, disse o premiê canadense, em entrevista à Radio-Canada, mídia estatal do país.
O G7 também destacou como prioridades a proteção contra interferência estrangeira, resposta a desastres ambientais e o estímulo a empregos de qualidade por meio de investimentos privados e transição digital. A meta é conter retrocessos econômicos globais.
Encontro ocorre em Kananaskis, no Canadá – Foto: Jeff McIntosh/The Canadian Press/Reprodução/ND
G7 faz 50 anos em 2025
Desde 1975, o G7 reúne EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. A União Europeia participa, mas não é membro oficial. Com a queda de influência do bloco, emergentes como Brasil, China e África do Sul têm ganhado mais espaço.
A Rússia, expulsa em 2014 após a anexação da Crimeia, permanece fora do grupo. Já a China, mesmo sem convite formal este ano, continua sendo um dos principais temas debatidos. Em 2023, o comunicado final da cúpula citou o país asiático 29 vezes.
*Com informações do Estadão Conteúdo