A cena de Maria Vitória, de 5 anos, dançando com a professora Nila Arnaud viralizou nas redes sociais. Juntas, elas dançaram o siriá, ritmo com origens em Cametá, no Pará, e emocionaram muito além da comunidade da escola Elza Borges, de Tucuruí. Professora adapta criança ao corpo para apresentação de dança típica no Pará
As apresentações de danças típicas regionais são tradição nas festas juninas em escolas paraenses. Mas a escola Elza Borges de Tucuruí, no sudeste paraense, teve uma cena que acabou viralizando pela internet. A pedagoga Nila Arnaud resolveu fazer uma adaptação, usando sling, para dançar com a aluna Maria Vitória de 5 anos, que usa cadeira de rodas.
A “festinha” foi no sábado (17). Desde lá, a pedagoga foi surpreendida com a repercussão nas redes sociais e com incontáveis mensagens que recebeu.
“Foi algo que emocionou todo mundo na escola e eu jamais imaginaria que iria viralizar. Tivemos a ideia, e quis fazê-la feliz, porque eu amo estar com a Maria, quero que ela faça as coisas também, assim como as outras crianças da escola”, diz a tia Nila.
A dança da turma de crianças foi com o “siriá”, que assim como a pedagoga, tem origens em Cametá, cidade no nordeste paraense. O histórico do ritmo remonta à gratidão de indígenas e escravos africanos.
Nila conta que vive em Tucuruí há 28 anos, onde atua como pedagoga na educação infantil. “Esse ano tive oportunidade de atuar como professora mediadora, cuidando de criança com deficiência, e acabei tendo esse privilégio de trabalhar com a Maria Vitória desde março desse ano”.
Professora fala sobre adaptação feita com criança PcD no Pará
A pedagoga disse que nos ensaios para a apresentação Maria usava a cadeira de rodas e tudo foi mantido em segredo até o dia da apresentação. “Eu via nela a vontade de dançar, ela fazia todos os movimentos com os braços, a vontade dela fazer o que as outras coleguinhas faziam me motivou a procurar algo pra que ela se sentisse ainda mais inclusa”.
A ideia partiu da filha com os tutoriais na internet. “Me inspirei, aí fomos pesquisar na internet. Conseguimos a doação do tecido, treinamos. No fim, até a nossa roupa foi adaptada para que ela ficasse amarrada a mim, enquanto dançávamos juntas. Foi a melhor coisa que aconteceu e ela disse que amou”.
O sling é usado comumente para manter bebês próximos ao corpo da mãe ou do pai, gerando aproximação e ainda conforto, com praticidade, já que o adulto consegue deixar os braços livres para se movimentar. As origens do uso vêm de países da África e Índia, se espalhando pelo mundo há muitos anos.
“No começo ela ficou com um pouco de medo de dançar livremente, mas eu perguntei se ela confiava em mim e pedi para que ela fizesse de conta que não estava presa no meu corpo. E deu certo”.
Maria disse à pedagoga que ficou muito feliz. Já a mãe disse que nunca imaginava que veria a filha entrando para dançar sem a cadeira de rodas. Em um vídeo gravado pela mãe, Isabel Cristina, Maria Vitória conta que amou a dança – veja:
“Acho que a gente deve praticar a inclusão, não só nas escolas, mas todos os dias, a sociedade deve vencer isso, e para mim ser professora envolve muito amor pela educação. Não existe educação sem amor”, diz a professora, que é nascida na vila de Joaba, a 24 km do centro de Cametá.
“Foi uma coisa simples, e que acabou se tornando algo incrível, nunca pensei que inspiraria tanta gente”.
Outro vídeo mostra o início da apresentação e a desenvoltura de Maria – assista:
Apresentação de siriá com criança com deficiência viraliza nas redes sociais
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Professora usa sling para adaptar criança PcD ao corpo em apresentação junina no Pará: ‘não existe educação sem amor’
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