Descoberta aconteceu em uma unidade de conservação ambiental, entre as cidades de Cananéia e Jacupiranga, no litoral e interior paulista, respectivamente. Peperomia diaphanoides encontrada no Parque Estadual Lagamar de Cananéia (à esquerda). Imagem ilustrativa da espécie (à direita)
Semil/Divulgação
Um grupo de pesquisadores encontrou duas plantas antes classificadas como “extintas” no estado de São Paulo. A descoberta da Myrcia loranthifolia e da Peperomia diaphanoides, que contou com o auxílio de um escalador de árvores, aconteceu em uma unidade de conservação ambiental entre as cidades de Cananéia e Jacupiranga, no litoral e interior paulista, respectivamente.
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A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil) informou, por meio de nota, que a expedição foi feita por especialistas do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) durante uma pesquisa de campo no Parque Estadual Lagamar de Cananéia.
Segundo a pasta, o objetivo era registrar características da flora local, mas os pesquisadores foram surpreendidos com os “exemplares” de duas plantas nativas consideradas extintas no estado.
À frente os pesquisadores Claudio de Moura, Cíntia Kameyama e Natália Ivanauskas. Ao fundo, o escalador de árvores Dirceu de Souza, as assistentes técnicas de pesquisa Janaina Costa e Regina Shirasuna, o pesquisador Frederico Arzolla e Mário Nunes, gestor do PELC
IPA/Divulgação
Conforme relatado na pesquisa, a Myrcia loranthifolia é da “família” da jabuticaba e da pitanga, mas em um porte maior. Ela é arbustiva, ou seja, não precisa de muito espaço para apresentar um bom desenvolvimento. A planta também é considerada arbórea [quando tem um único caule com ramos até o topo da raiz].
Já a Peperomia diaphanoides, de acordo com o estudo, é uma erva epífita. Isto significa que costuma viver em cima de outras árvores, sempre no alto. Por este motivo, os pesquisadores precisaram da ajuda de um escalador para conseguir acessá-la e ainda não conseguiram registrar imagens dela.
Registro feito durante expedição no Parque Estadual Lagamar de Cananéia, SP
IPA/Divulgação
Importância
Um dos pesquisadores científicos do IPA e autores responsáveis pelo estudo, Claudio de Moura, afirmou que este acontecimento mostra a importância das unidades de conservação da natureza para a proteção das espécies.
“Este foi um registro que demonstra o nível de desconhecimento existente sobre a nossa flora. Deve haver várias outras espécies na mesma situação [sendo consideradas extintas, mas ainda presentes na natureza]”, afirmou Claudio, por meio de nota.
Outros resultados
Lophophytum pyramidale, espécie parasita
Regina Shirasuna
Além das duas plantas nativas, os especialistas encontraram outras 18 espécies ameaçadas de extinção nas categorias “vulnerável” e “criticamente em perigo”. Os nomes delas não foram divulgados pela Semil.
Durante a pesquisa, os profissionais também fizeram o levantamento de 540 tipos de plantas vasculares no parque. Essa espécies, segundo a secretaria, têm um sistema especializado para transporte de água, nutrientes e seiva por meio do organismo.
Unidade de conservação
Parque Estadual Lagamar de Cananéia
Semil/Divulgação
O Parque Estadual Lagamar de Cananéia, que também ocupa parte da cidade de Jacupiranga, tem mais de 40 mil hectares, o equivalente a 3.887 campos de futebol.
De acordo com a Semil, o parque se destaca por preservar trechos de vegetação natural que se estendem do litoral até a Serra de Paranapiacaba. Segundo a pasta, a área abriga diferentes habitats para a conservação da biodiversidade paulista e, consequentemente, da Mata Atlântica brasileira.
“O bioma é uma das áreas naturais mais relevantes para a conservação devido à elevada riqueza e alto índice de espécies endêmicas, mas também sujeita às grandes pressões antrópicas que aumentam o risco de extinção”, explicou a Semil.
Mico-leão-caiçara (Leontopithecus caissara), espécie endêmica de fauna, durante expedição em Cananéia, SP
Regina Shirasuna
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