Seis anos e meio após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, os acusados confessos começam a ser julgados nesta quarta-feira (30). O julgamento ocorre no 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro da capital fluminense, com início previsto para as 9h e deve se estender até a quinta-feira (31).
Nove testemunhas serão ouvidas no processo, sendo sete delas indicadas pelo Ministério Público, incluindo Fernanda Chaves, assessora de Marielle que sobreviveu ao ataque. Duas testemunhas foram convocadas pela defesa de Ronnie Lessa, enquanto a defesa de Élcio Queiroz optou por abrir mão das suas. Lessa e Queiroz acompanharão as sessões por videoconferência, direto dos presídios em que estão detidos – Lessa na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo, e Queiroz no Centro de Inclusão e Reabilitação, em Brasília.
O julgamento contará com um júri formado por 21 cidadãos, dos quais sete serão sorteados no momento do processo para compor o Conselho de Sentença. Eles decidirão sobre a culpabilidade dos réus, permanecendo isolados no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro até a deliberação. A juíza Lúcia Glioche será responsável por definir as penas, considerando fatores como a crueldade e a emboscada, além de possíveis atenuantes, como a delação dos réus.
Os acusados respondem por duplo homicídio qualificado – por crueldade, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas –, tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves e receptação do veículo usado no crime, um Chevrolet Cobalt clonado.
Relembre o Caso Marielle
Marielle Franco, vereadora e ativista dos direitos humanos, foi assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018, junto com o motorista Anderson Gomes. Marielle era conhecida por sua atuação em causas sociais, como a defesa dos direitos de mulheres, negros e moradores de favelas, e por sua crítica à violência policial.
Na noite do crime, ela e Anderson foram alvejados dentro do carro por homens em outro veículo, que realizaram diversos disparos. O caso chocou o Brasil e o mundo, provocando manifestações e intensos apelos por justiça.
Após anos de investigações, os suspeitos Ronnie Lessa, ex-policial militar, e Élcio Queiroz, ex-policial, foram presos e são apontados como os executores do crime. No entanto, a motivação exata e os possíveis mandantes continuam gerando dúvidas e mobilizando novas investigações.