Dia Internacional dos Povos Indígenas: Sônia Guajajara cobra metas para que a Amazônia não chegue a ‘ponto de não retorno’

Expectativa da ministra dos Povos Indígenas é que a Declaração de Belém se reverta em metas efetivas para a Amazônia nos próximos 40 anos. Sonia Guajajara participa da Cúpula em Belém
Reuters/Adriano Machado
A Declaração de Belém deve servir para auxiliar na preservação da Amazônia nas próximas décadas. Essa é a expectativa da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Para ela, o documento aprovado na Cúpula da Amazônia, em Belém, precisa ter metas claras para preservação da biodiversidade e evitar que o bioma amazônico chegue ao “ponto de não retorno”.
“Um dos objetivos maiores é evitar que a gente chegue no ponto irreversível que é o chamado ponto de não retorno. Para isso, precisamos contemplar demarcação das terras indígenas, titularizarão de territórios quilombolas, valorização das sociobiodiversidade dos povos da florestas, respeitar os direitos e estabelecer metas e efetivá-las”.
“A expectativa é que esse documento possa ser revertido em metas, esse caminho que vai ser se seguir , não somente na Cúpula, mas pensar a Amazônia para os próximos 30, 40 anos. Não podemos pensar essa proteção da Amazônia somente [de forma] temporária. Temos que pensar para frente”, disse a ministra em entrevista à TV Liberal nesta quarta-feira (9), Dia Internacional dos Povos Indígenas – reveja no vídeo abaixo.
Ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara participa da Cúpula da Amazônia em Belém
Para ela, além de serem necessárias metas claras para reservação da Amazônia, é fundamental que os povos originários sejam respeitados. A Declaração de Belém prevê “participação ativa e promoção dos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais e tradicionais”, se fazer especificações. A Ministra participa da Cúpula também nesta quarta-feira, último dia do encontro.
“O aumento da violência contra os povos indígenas foi muito grande nos últimos anos. A violência na Amazônia tem aumentado e estamos trabalhando nessa parceria com o Ministério da Justiça para combater a violência nos territórios. É claro, que isso tem que estar dentro deste documento, pois pensar na proteção, é também pensar na segurança da vida das pessoas”.
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Ela reforça que a preservação ambiental e dos povos originários são inseparáveis e que o preconceito deve ser combatido.
“Ainda é muito presente o preconceito, discriminação e o racismo impregnado em boa parte da sociedade contra os indígenas. É importante as pessoas reconhecerem o papel que os povos indígenas exercem, inclusive para o equilíbrio climático que o mundo todo discute. Nos apresentamos como parte da solução para combater essa crise climática – somos apenas 5% da população mundial, mas protegemos 82% da biodiversidade que existe no mundo. Se os povos indígenas estão ameaçados, essa biodiversidade está ameaçada. Imagina se perde 80% da biodiversidade no mundo, então a humanidade está em risco. É um dado para a sociedade como valorizar os povos indígenas, o modo de vida, apoiar a demarcação das terras indígenas”, declarou.
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