
O papa Leão XIV declarou nesta sexta-feira (16) que a família deve ser baseada na união entre um homem e uma mulher. A afirmação foi feita durante reunião com o Corpo Diplomático da Santa Sé, no primeiro discurso oficial do novo pontífice sobre diretrizes do seu pontificado.
“É responsabilidade dos governantes trabalhar para construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Isso pode ser alcançado, acima de tudo, investindo na família, fundada na união estável entre um homem e uma mulher”, disse Leão XIV ao apresentar os pilares da ação missionária da Igreja Católica.
O papa também destacou a necessidade de atenção aos grupos mais vulneráveis.
“É dever daqueles que têm responsabilidades no governo trabalhar para construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas […] pode ser feito, antes de mais nada, investindo na família, fundada na união estável entre um homem e uma mulher”, repetiu, com ênfase, ao tratar da dignidade de nascituros, idosos, doentes, desempregados e migrantes.
A declaração ocorre oito dias após sua eleição, em 8 de maio, no conclave que sucedeu o pontificado de Francisco. Aos 69 anos, Leão XIV nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, e também possui nacionalidade peruana.
É o primeiro papa norte-americano e o primeiro eleito oriundo de um país de maioria protestante. Sua escolha pelo nome Leão XIV remete ao papa Leão XIII, autor da encíclica Rerum Novarum (1891), texto que serviu de base para a Doutrina Social da Igreja.
Compromisso da igreja
Durante o encontro com representantes diplomáticos, o pontífice reforçou o compromisso da Igreja com a paz e o diálogo, mas indicou, por meio da defesa da estrutura familiar tradicional, alinhamento com a doutrina consolidada nas últimas décadas.
“A Igreja busca relações pacíficas entre os povos, com base na verdade e no reconhecimento da dignidade de cada pessoa, especialmente a mais frágil e indefesa”, afirmou.
O discurso teve repercussão imediata entre integrantes do episcopado e de movimentos católicos, reacendendo debates sobre modelos de família e inclusão de pessoas LGBTQIA+ no contexto eclesial.
A referência explícita à “união entre homem e mulher” ocorre em meio a discussões globais sobre diversidade, políticas de gênero e reconhecimento legal de famílias homoafetivas.
Leão XIV manteve no discurso a formulação adotada por documentos anteriores da Santa Sé, mas a escolha da ênfase repete posicionamentos registrados em etapas anteriores de sua trajetória
Em 2012, como bispo de Chiclayo, no Peru, Prevost declarou que a mídia ocidental promovia “simpatia por crenças e práticas contrárias ao evangelho”, citando “famílias alternativas compostas por parceiros do mesmo sexo e seus filhos adotivos”.
Também criticou propostas do governo peruano para incluir ensino de gênero nas escolas, classificando-as como “ideologias confusas”.
Papa Francisco

A postura contrasta com posicionamentos adotados por Francisco, que, apesar de manter a doutrina tradicional, estabeleceu um canal de diálogo com pessoas LGBTQIA+ e afirmou que a homossexualidade “não é crime”.
Em 2023, Francisco reiterou que “a família se funda na união entre homem e mulher”, mas defendeu respeito à dignidade de todos os fiéis.